O tema da postagem de hoje veio do Facebook. Abri a rede social para olhar as "novidades" e, como de costume, deparei com a pergunta "no que você está pensando, Conceição?". É Facebook, até você... Já se deram conta que sempre nos estimulam a falar sobre os nossos pensamentos, e não sobre os nossos sentimentos? O Facebook até oferece a opção de escolher um sentimento para acompanhar a postagem, mas, o tema principal, são os pensamentos.
É assim na vida real também. Na escola, o único aprendizado que é verificado, cobrado, incentivado, é o racional. Teorema de Pitágoras, Leis de Newton, novo acordo ortográfico e várias outras coisas que devemos memorizar para alcançar boas notas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e garantir um alto índice de matrículas para o colégio no ano seguinte, depois que nosso nome for estampado no outdoor com a aprovação em Medicina, Direito, ou qualquer outro curso bastante concorrido. Para os alunos de escola pública (como eu fui), o objetivo não é garantir matrículas, é garantir votos para o governante que investe em educação "de qualidade".
Aprofundo minhas opiniões sobre educação em outro momento, sigamos adiante. Nos últimos anos as coisas começaram a mudar, mas para pior. Se éramos incentivados a pensar o tempo todo, agora somos obrigados a escolher qual pensamento reproduzir. Estamos sempre com pressa e se outros já pensaram por nós, já defenderam argumentos, por que nos dar o trabalho de pensar tudo novamente? É só ler e compartilhar o pensamento alheio que combina com o meu, mesmo que eu não tenha entendido boa parte do que a pessoa escreveu, mesmo que eu nem tenha lido mas já tenha ouvido falar que fulaninho é inteligente ou o digital influencer do momento. Sem perceber, vamos repetindo frases e discursos de outrem até que aquele pensamento se torne "nosso". E com conhecimentos rasos, advindos de leituras do Instagram ou videos do Youtube (e nem checamos a veracidade das informações que circulam nas redes, porque não temos tempo ou vontade).
E vamos assim, pensamentos, pensamentos, pensamentos... quando chegará a era dos sentimentos? Estive em um curso uma vez, em que a facilitadora falou que nosso grande erro é pensar que somos seres racionais que sentem, quando na verdade somos seres emocionais que pensam. Esta frase veio em um momento de autoconhecimento onde eu estava justamente aprendendo a aceitar que essa é uma grande minha verdade. Sim, porque a minha verdade pode não ser a do outro.
Seremos massa de manobra fácil sem o mínimo senso crítico, é verdade. Não disse em momento algum que o pensamento deve ser eliminado, apenas lembrei que o sentir, a inteligência emocional, também é uma inteligência. Mas se o pensamento, que sempre foi prioridade, está perdendo o valor, não quero nem pensar no futuro dos sentimentos.