quinta-feira, 31 de maio de 2018

A primeira, única e última eucaristia da minha vida

Feriado de Corpus Christi, data em que os católicos celebram a fé na eucaristia - ritual simbólico que repete a última ceia de Jesus com os apóstolos, segundo a Bíblia. Este ano, a data me trouxe uma recordação: a minha primeira, única e última eucaristia. Aos sete anos de idade, um grupo da igreja que funcionava ao lado da escola onde eu estudava foi preparar os alunos para a primeira eucaristia.  Tínhamos "aulas" sobre a vida de Jesus e outras coisas que já não lembro mais.  Obviamente as mães foram chamadas para autorizar a participação da criança e também ajudar nos preparativos. 

A escola em que eu estudava era da rede estadual de ensino. Sim, eu estudei a vida inteira em escola pública, mas isto não é relevante agora. A maioria das crianças, incluindo eu, era de origem humilde e ainda assim no dia marcado várias meninas usavam trajes que mais pareciam vestidos de noivas sofisticados - cujos custos não devem ter sido baixos. A recomendação é de que estivéssemos de branco. Eu era gordinha (já falei que fui gordinha a vida toda?) e um pouco grande - desenvolvi rápido mas parei no 1,62 de altura aos 11 anos de idade. Sendo assim, minha mãe comprou um par de sapatos elegantes para mim (salto baixo, minha mãe sempre me vestiu como criança quando eu era criança) e uma saia bem simples. A blusa era emprestada de uma adulta. Pertencia à irmã da madrinha de meu irmão. Toda cheia de rendas, com detalhes bordados e uma manga imponente. Agora lembrei que eu já gostava de rendas com esta idade.... As meias eram finas, mas não lembro se minha mãe comprou ou se eram emprestadas também. Na cabeça, um discreto enfeite branco com flores amarelas (era mesmo discreto, não estou sendo irônica). 

Lembro vagamente que a preparação durou algumas semanas. Minha mãe comprou o livro de catecismo que o pessoal da igreja vendia. Era pequeno, mas eu gostava dele porque contava a vida de Jesus e eu sempre gostei de história. Então, chega o dia da confissão. Era véspera da primeira comunhão, como o pessoal falava. Minha mãe me mandou levar o bendito livro para a igreja e ficar rezando até que me chamassem para a conversa com o padre. Assim o fiz. Quando chegou a minha vez de confessar os meus pecados e receber a minha penitência, deixei o livro no banco da igreja e fui conversar com o padre. Ele não estava no confessionário clássico que eu via nas novelas e filmes, mas apesar do estranhamento eu não perguntei nada. Ele fez perguntas como "você desobedeceu sua mãe e seu pai?" "você mentiu para sua mãe e seu pai?" "você deixou o dever de casa sem fazer?"

Respondi com sinceridade a tudo que ele perguntou. E então, ele olhou para mim e deu a penitência de rezar dez vezes o Pai Nosso e mais dez a Ave Maria. Minha ação foi olhar para a cara dele e perguntar com que autoridade ele me julgava se era tão pecador como eu. Para toda ação, uma reação. O padre ficou mais vermelho que morango e dobrou minha penitência. Ah, mas teve tréplica, amigos!!! Eu disse a ele que estava sofrendo retaliação e que rezaria minha penitência inicial. Não satisfeita, virei as costas e saí antes que ele dissesse qualquer coisa. Evidentemente eu não devo ter usado estas palavras, mas no auge do meu vocabulário de sete anos eu me expressei de forma clara e inequívoca. Furiosa da vida, voltei ao banco da igreja para rezar e qual não foi minha surpresa quando percebi que o meu livro de catecismo havia desaparecido. O que fazer nesta hora? Se você respondeu "chamar a mãe", acertou. Não encontramos o livro e isto me deixou ainda mais furiosa. 

Rezei de qualquer forma a penitência que o padre me deu e voltei para casa parecendo o velho LP quando arranhava ou empenava e ficava tocando o mesmo trecho da canção toda hora. No mínimo umas duzentas vezes minha pobre mãe deve ter ouvido as minhas reclamações - tanto do furto do livro quanto do fato de o padre me julgar. Depois disso, calei. E pensei, pensei, pensei, pensei. Naquele momento, talvez, eu tenha tomado a primeira decisão importante da minha vida. Interrompi minha mãe no ritual sagrado de ver a novela e disse com toda a convicção do universo "eu só vou fazer esta comunhão porque você gastou dinheiro para comprar a roupa, mas vai ser a primeira, única e última porque eu não gosto desta igreja e não quero seguir nela". A forma como eu falei foi tão verdadeira e intensa que minha mãe mal conseguiu balbuciar um "está bem". 

No dia seguinte, a eucaristia. A igreja lotada, dezenas de fotógrafos oferecendo os serviços, dezenas de familiares. Chovia um pouco e minha mãe levou meus sapatos para calçar na igreja. No caminho, foi ela quem parecia um LP arranhado com a cantiga "cuidado para não se sujar". Meus pais haviam se separado no ano anterior. Não lembro de meu pai na igreja, acho que ele não foi, mas a irmã e a mãe dele foram. Detalhe: eu não gostava nem um tiquinho delas. Quando as vi na igreja, fechei logo a cara, como se diz em Salvador (ficar séria, emburrada). Por alguma razão, fui escolhida para levar a Bíblia ao altar. O detalhe é que não me disseram exatamente o que fazer e não tinham feito ensaio com a gente. Eu quase saio correndo, mas a professora percebeu e falou no meu ouvido que eu andasse devagar. Em seguida veio a eucaristia propriamente dita. Também não nos ensaiaram em relação a isto e o que eu fiz? Quando a hóstia grudou no céu da boca eu meti o dedo para desgrudar. E foi só ela cair na língua para eu começar a mastigar. Minha mãe viu e as beatas da igreja também. Enquanto minha mãe questionava a razão de não terem me ensinado, as beatas faziam o mesmo em relação a ela. Havia um curso de catecismo, lembram? Não acho que competia às mães qualquer explicação sobre isso, elas sequer suspeitavam que não sabíamos. 

Depois os momentos das fotos (eu estava na fase de mudança de dentição e em algumas poses tentei esconder isso, são as imagens que mais gosto). A irmã de meu pai reclamava que para o fotógrafo eu sorria e para ela não. Nunca consegui esconder que não gostava dela, mas também nunca me esforcei para isso. Não era uma antipatia gratuita, havia muita diferença de valores e princípios entre nós. Com a mãe de meu pai a mesma coisa. Até com meu pai era assim.

Já em casa, minha mãe falou comigo sobre eucaristia pela última vez. Começou uma conversa despretensiosamente falando que eu precisava repetir o simbolismo para aprender a "aceitar" a hóstia sem mastigar. Eu repeti, ainda com mais convicção que no dia anterior, que não voltaria a fazer isto porque não gostava da igreja católica. Desta vez, ela perguntou as razões. E eu respondi que as pessoas falavam uma coisa e faziam outra e que o padre nem me conhecia e me julgava com uma autoridade que eu achava que era somente de Deus e não dele. E ainda ameacei mastigar ou cuspir a hóstia se ela me obrigasse. Ela falou que obrigado não servia, que tinha que ser por vontade minha. 

E foi assim que cresci em uma família católica, mas não tão praticante assim, discordando dos princípios da igreja. Depois de adulta, comecei a simpatizar com o espiritismo. Acho melhor que o catolicismo? Não, acho apenas diferente. Não há religião melhor ou pior, há a que você se identifica ou não se identifica. Nunca frequentei centro espirita, apesar de a vida toda ter ouvido que precisava desenvolver minha mediunidade. E, recentemente, comecei a questionar e não me identificar com o espiritismo também. Ateísmo? Não exatamente, mas percebi que nenhuma das religiões que conheci tem qualquer significado para mim. Acredito em outras coisas, na energia do universo, por exemplo. Respeito e entendo as opções de todos e acho que consigo não julgar na maioria das vezes. Afinal, foi justamente um julgamento que fez toda a diferença na minha concepção religiosa. 

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Gratidão!

Há algum tempo eu comecei a ouvir (e ler) palavras de agradecimento por mudanças importantes que aconteceram na vida de algumas pessoas a partir de um comentário, um conselho, uma escuta, um ensinamento que eu fiz. Em quase 100% destas vezes eu não tenho a menor ideia de que sou "responsável" por alguma coisa até que a pessoa me diga, porque são intervenções espontâneas, naturais, às vezes ditas de forma coloquial em uma conversa sem grandes pretensões. 

Hoje recebi mais uma destas mensagens, a terceira nas duas últimas semanas. A pessoa falava em gratidão por palavras minhas que a tocaram e a fizeram tomar uma atitude importante. Neste momento eu percebi, na prática, que o tempo todo fazemos e dizemos coisas que podem afetar profundamente alguém. Então, por que não tocar com amor, com encorajamento, acolhimento, amizade? Pode parecer piegas ou uma atitude de quem quer aparecer, mas para mim isto se tornou um hábito - mas não pensem que sou perfeita e que só tenho palavras e gestos "do bem" para todos e em todos os momentos e situações. Eu sou humana, não vai ser sempre assim e está tudo bem. 

Acredito que gratidão é a palavra do dia. Ela veio na mensagem mas é um sentimento que eu cultivo. .Sou grata a estas pessoas por me relatarem o quanto lhes fiz bem e me ensinarem que este é o caminho pelo qual sigo feliz. Sou grata a todos que com palavras e atitudes (positivas e negativas) também me tocaram e mudaram a minha vida e contribuíram para que hoje eu seja o que sou. 

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terça-feira, 29 de maio de 2018

Para dar uma quebrada nos "textões" por aqui, as aberturas das novelas que citei na postagem de ontem e outras que eu gosto da abertura em si ou da música ou da novela ou de tudo (risos). 

Não gosto mais da música e nem acho a abertura tão legal quanto achava na infância


Eu via o homem nu com os olhos de criança, claro, mas achava o máximo a letra da música


Esta é uma novela que se encaixa na categoria "gostava de tudo"


Esta também


Esta eu ficava esperando terminar a abertura para mudar de canal e procurar algum telejornal


Esta é outra da categoria "gostava de tudo" (risos)


Esta eu comecei a ver da metade da novela para o final, e foi justamente no dia que parei para ver a abertura que comecei a acompanhar. Adoro animações.


Outra da categoria "gostava de tudo" (risos)


Era esta a música que embalava meus shows de dança. Ainda não consigo ouvir sem cantarolar e remexer o corpo. Continuo desengonçada.


Deve ter sido aqui que comecei a gostar do Roupa Nova.



Uma das músicas que mais amo. Ela me toca de forma tão profunda... A suavidade da melodia e da voz de Toquinho embalando uma letra tão intensa... Sempre me emociona. 

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Novelas

Hoje ouvi alguma coisa sobre "Orgulho e Paixão" e fiquei sabendo que é o nome da novela exibida na faixa das 18h pela Rede Globo de Televisão. Percebi o quanto este produto da teledramaturgia não faz parte de minha rotina há algum tempo. Busquei na memória qual foi a última novela a que assisti e encontrei como resposta "Cheias de Charme". Busquei no Google o ano de exibição da novela e encontrei como resposta "entre abril e setembro de 2012". E de busca em busca eu resolvi fazer um resumo da minha relação com as novelas. Será que daria uma novela? 

As minhas lembranças mais remotas de infância em relação à novelas são de como minha mãe se orgulhava da minha performance de cantora/dançarina quando começava "Elas Por Elas" . Eu dava show de segunda à sábado, aos três anos de idade (fiz quatro poucos dias antes da exibição do último capítulo, segundo o Google). O detalhe é que ninguém acreditava quando ela falava isso, porque ela pedia para cantar e eu emudecia. Eu não sei se o que me envergonhava era o fato de eu ter inventado uma parte da letra (tinha uma parte que eu não entendia) ou se era do fato de desafinar até falando.

A recordação seguinte traz um belo dia em que eu estava cantando a música tema de abertura de "A Gata Comeu" e meu pai chegou para uma visita bem na hora. Ele disse que me ouviu cantar do playground do prédio. Não sei se foi a maior a vergonha ou a reza para que ninguém mais tivesse ouvido ou fosse mentira dele (havia uma grande possibilidade em relação a esta última opção). Hoje eu já não gosto mais da música de abertura de "A Gata Comeu" mas a de "Elas Por Elas" e outras como "Livre Para Voar" e "Um Sonho A Mais" não saem da minha playlist. 

E a última lembrança da infância em relação às novelas não está relacionada à aberturas mas sim ao dia em que eu desafiei o perigo. Minha mãe não me deixava ver as novelas das 21h (acho que na época era das 20h ainda) porque não eram "temas para criança". Sempre fui curiosa e nada humilde, achava que eu era inteligente o suficiente para entender as coisas. Quando eu cresci eu percebi que minha mãe concordava com este meu argumento, e era justamente este o motivo da proibição (risos). E então, um belo dia, eu demorei a pegar no sono ou algo assim e resolvi levantar da minha cama e ir sorrateiramente até a sala (andar sem fazer barulho é uma das minhas habilidades). 

Os móveis estavam dispostos de uma maneira que favorecia o meu esconderijo atrás de um deles, em um ângulo que me permitia ver a televisão. E fiquei ali, alguns minutos, sentindo-me a Welma do Scooby Doo revelando os mistérios. A novela era Roque Santeiro. Estava indo tudo muito bem, mas apareceu o lobisomem. A pessoa que se achava "a adulta" se assustou e fez barulho (acho que chutei alguma coisa). O inevitável aconteceu: fui descoberta! Agora não sabia se o medo maior era do lobisomem ou de minha mãe. Não levei uma surra,  mas da bronca eu não fui perdoada. E nem da ameaça de surra dobrada se descumprisse as regras novamente. De certa forma, o lobisomem era uma garantia para a minha mãe de que eu não voltaria a desobedecer as ordens dela. 

Fui crescendo e o ver novelas tornou-se um hábito até o começo dos anos 2000 mais ou menos. Normalmente acompanhava a novela das 19h, eu nunca chegava a tempo de curso/estágio/trabalho ou qualquer outra coisa que ocupasse minhas tardes para acompanhar as tramas das 18h. Estas eram somente em férias/sábados/feriados e leituras dos resumos no caderno de televisão do jornal aos domingos. Com a chegada da adolescência/vida adulta, fui "promovida" a companhia de minha mãe na hora das novelas das 21h, mas o deixar de ser proibido fez com que elas me interessassem pouco. Acompanhei algumas, mas não com entusiasmo. E depois fui trocando as tramas da telinha pelas tramas dos livros. A relação com a novela acabou, mas foi bom enquanto durou.

domingo, 27 de maio de 2018

Os sete pecados capitais - episódio 3

Até que esta série funciona bem para um dia em que você está sem ideias de postagens, como hoje. Um dia cheio de informações em relação à greve dos caminhoneiros. Difícil separar o joio do trigo, uma vez que se produzem notícias falsas para desmentir outras notícias falsas. É, confuso, mas acontece. Então, vamos encerrar o domingo de forma mais leve (para mim, escrever e sorrir torna tudo mais leve - até mesmo a dor física ou psíquica). E vamos à série. 

Avareza é o pecado do dia. E o que seria a avareza? Apego excessivo e/ou descontrolado pelos bens materiais e pelo dinheiro. A ordem de aparecimento dos pecados por aqui por definida ao acaso, mas nada é por acaso e a avareza cai muito bem para o dia de hoje. As postagens da série estão salvas como rascunho (o título e o pecado) e vou publicando à medida em que escrevo. Adotei esta estratégia porque nunca lembro quais são os sete pecados capitais. E, repetindo, nada é por acaso. Avareza é a palavra do dia, sem dúvidas. Se não fosse, como explicar os valores absurdos que motoristas de carros particulares estão cobrando para transportar passageiros? Passageiros que muitas vezes não têm alternativa, como pessoas que precisam chegar a um hospital e não podem contar com a frota de 30% de ônibus que circulam na cidade. A avareza também está presente nos comerciantes que aumentam os preços dos produtos que ainda possuem em estoque somente para lucrar mais diante dos que correram às compras desesperados com a ameaça de um caos ainda maior. 

Acho que a avareza é um desdobramento da ambição quando esta sai do controle. Eu tenho ambição, todos temos. Entretanto, não creio que a minha ambição seja desmedida. Acredito que esteja bem longe da avareza e baseio minha informação em alguns episódios recentes da minha vida. Não tenho apego excessivo ao dinheiro, apenas tento usá-lo com parcimônia, sem desperdício. E, confesso, não é sempre que consigo. Ainda preciso de algumas mudanças de hábitos financeiros. Comprei um curso online sobre este assunto, mas ainda não tive tempo de iniciar (coisa que quero fazer o mais rápido possível). Dinheiro possibilita a realização de muitos sonhos e por isso quero aprender a administrá-lo melhor, mas o maior dos meus sonhos hoje não depende de dinheiro. Só depende de você. 

sábado, 26 de maio de 2018

Kintsugi

A palavra do título é da língua japonesa e significa "emenda de ouro". Trata-se de uma técnica que consiste em reparar peças de cerâmica quebradas com esmalte dourado. O objetivo é mostrar que o objeto reparado ganha uma nova vida, que os defeitos fazem parte da história dele e devem ser assumidos e não escondidos. A filosofia transcende a cerâmica e ganha a vida... Temos muito o que aprender com a sabedoria oriental! 

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sexta-feira, 25 de maio de 2018

E o Brasil parou!

Caminhoneiros param o Brasil reivindicando uma nova política de preços de combustível. A greve entra no quinto dia e uma crise de abastecimento se generaliza. Os insumos não chegam, sejam eles alimentos, medicamentos, equipamentos e, principalmente, combustível. Supermercados limitam o número de itens comprados por clientes, transporte público reduz operação, postos de combustíveis fecham, industrias paralisam produção. A cidade começa a parecer uma cidade fantasma. Só me lembro da canção de Raul Seixas 'O dia em que a terra parou". 

O governo acusa os caminhoneiros de não cumprirem um acordo e convoca as forças armadas para acabarem com os bloqueios nas rodovias. As autoridades municipais traçam planos de contingência para tentar prolongar a vida útil dos serviços públicos com economia de combustível. Os postos de gasolina têm filas quilométricas até de pedestres (pessoas foram a pé porque o carro não tinha combustível). O cenário de caos em parte foi agravado por este comportamento da população. A corrida para encher o tanque aumentou a demanda e consequentemente fez o combustível terminar mais rápido (as notícias por aqui são que todos os postos do Estado estão fechados neste momento). O individualismo impera e ninguém pensou que se eu abasteço apenas o necessário para poucos dias, posso garantir o deslocamento de outros motoristas que farão o mesmo. Idem para as compras no supermercado. Adianta mesmo fazer estoque de perecíveis?

O que deveríamos fazer, penso, é nos unir aos caminhoneiros para reivindicar políticas públicas de interesse coletivo, mas fica difícil isto acontecer diante de um pensamento tão "eu, eu, eu". Assim com a greve, assim com as eleições. O voto é no candidato que promete um emprego, uma cesta básica, uma rua asfaltada, um benefício imediato individual. E a coisa vai se perpetuando em um ciclo vicioso. Elegemos representantes que não nos representam, sofremos com as medidas nefastas adotadas por estes cidadãos e compartilhamos um textão no Facebook de alguém que reclama da situação do país para parecermos inteligentes (ou nos revoltamos contra estes que reclamam porque não temos a menor consciência política). Certo, não é uma coisa tão simplista assim, mas eu me permito um momento de escrever superficialmente, no calor da emoção. As perspectivas de futuro são sombrias, mas meu jeito de não desistir fácil das pessoas me faz acreditar no Brasil. 

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Todo mundo merece uma segunda chance

Hoje eu me peguei dizendo esta frase como uma afirmação: todo mundo merece uma segunda chance. O contexto era profissional, eu defendia que um erro de um estagiário não justifica um desligamento imediato. E então, eu me perguntei: e se for uma falha muito grave - um furto, por exemplo. Achei melhor transformar a frase em uma interrogação. Todo mundo merece uma segunda chance? Todavia, por alguma razão, a sentença ficou ressoando em minha mente pedindo um complemento. Então, eu a modifiquei novamente: todo mundo merece uma segunda chance desde que conceder a segunda chance ao outro não signifique tirar de você próprio esta nova oportunidade. 

Com esta última versão, alguma coisa se encaixou no meu mundo particular. Sempre fui praticante da máxima de oferecer a segunda chance a todos, mas muitas vezes neguei esta segunda oportunidade e mim mesma. Em vários aspectos. É chegada a hora da minha segunda chance. 

quarta-feira, 23 de maio de 2018

A importância do brincar

Será que teremos uma sequência cinematográfica por aqui (sem trocadilhos)? Em cartaz, outro documentário nomeado de "Tarja Branca", que fala da importância do brincar. E não pensem que a abordagem defende apenas que a brincadeira é fundamental para o desenvolvimento da criança, ela também lembra a nós, adultos, os prejuízos do crescimento. Como assim?! Logo no começo do filme, algumas vozes em off* e uma delas, para mim, sintetiza quando diz: "quando você perde a capacidade de brincar você perde a conexão com você mesmo". 

O próprio nome do documentário é uma referência às medicações "tarja preta", normalmente utilizados para o combate a doenças graves (sejam doenças mentais ou físicas). A brincadeira, portanto, seria o oposto, o antídoto, um tratamento não medicamentoso. Não sou especialista na área (ainda), mas minha visão "senso comum" concorda totalmente com a afirmação. Quando somos crianças, temos o pensamento livre, criativo, sem amarras, sem censuras, sem bloqueios. Com o passar dos anos, esta criatividade vai ser perdendo muitas vezes em função de variáveis como pressa e estresse ou até mesmo como reflexo de uma educação que tenta o tempo todo padronizar comportamentos e aprendizados em uma lógica de produção industrial. 

Na minha primeira graduação, eu li um livro que traz dicas para superar estes bloqueios mentais que impedem os pensamentos criativos. Infelizmente a publicação está esgotada, mas tenho esperança de encontrá-la em um sebo para ler novamente os preciosos conselhos. Apesar de me considerar bastante criativa, nunca é demais um aprimoramento aqui ou outro ali. 

Sobre o documentário em si, apenas críticas construtivas. Achei repetitivo em alguns momentos e fala bem superficialmente das brincadeiras atuais, com o brinquedo eletrônico muito presente. Na rápida menção, fala-se apenas em aspectos negativos do eletrônico, mas tudo tem seu lado bom e os brinquedos eletrônicos ou brincadeiras virtuais não são exceção. Como balanço final, um saldo positivo. Mais méritos que defeitos. E agora tenho uma base científica para justificar a manutenção de meu lado criança muito forte. Eu não perdi a minha capacidade de brincar, então, não perdi a conexão comigo mesma. A criança que um dia eu fui certamente se orgulharia da adulta que hoje eu  sou. 

*Off é um texto narrado ou falado em produções audiovisuais ou jornalísticas que acompanha imagens. Não vemos o narrador, apenas ouvimos sua voz.

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terça-feira, 22 de maio de 2018

O renascimento do parto 2

Documentário não é meu gênero de filme favorito mas foi impossível assistir a "O renascimento do parto 2" sem me emocionar, sem me identificar, sem me solidarizar, sem me indignar, sem me revoltar, sem me surpreender... Enfim, em uma hora e meia uma avalanche de sentimentos. A arte em si tem esta função de tocar, mobilizar, fazer refletir. Sem dúvidas este não é um filme que teria chamado a minha atenção se estivesse apenas olhando a programação semanal de cinema, até porque as sinopses das películas, em geral, não são nada atrativas. Ao contrário dos trailers. 

O que me levou ao cinema foi uma obrigatoriedade de fazer uma atividade para a faculdade. Sabendo que era um segundo filme, procurei o primeiro na internet e encontrei. Não sei qual dos dois produziu mais impactos em mim. A primeira vista pode parecer apenas uma produção que defende o fim do parto cirúrgico, mas não é verdade. São vários relatos de violência obstétrica contra mulheres e muitas destas violências nem são percebidas como violências. Algumas, até, são praticamente naturalizadas na sociedade. São relatos que defendem que a mulher tenha direito de escolha e não que sejam induzidas ou encorajadas a um procedimento cirúrgico sem necessidade. O longa mostra uma desmistificação de que o parto normal é inseguro porque não envolve muita tecnologia. 

Uma pena que por ser um filme sem forte apelo comercial não fique em cartaz muito tempo. Circulam informações de que hoje foi o último dia de exibição em Salvador.


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segunda-feira, 21 de maio de 2018

Calçando metáforas?

Por alguma razão que desconheço, meus sapatos nunca me incomodam no primeiro ou segundo uso. Há algumas exceções, claro, elas existem para tudo na vida, mas a regra é que os machucados no calcanhar ou os apertos no dedão (em geral os incômodos mais frequentes para mim) apareçam após alguns meses. Isto quando eles, os meus sapatos, duram alguns meses. Outra regra para os calçados de minha propriedade é serem quase descartáveis. E quanto mais eu gosto do danado, mais rápido ele se destrói. Seria Lei de Murphy 100% pura essa afirmação se não fosse um pequeno detalhe: tendo a pegar o primeiro par que vejo pela frente e isto acaba impedindo um "rodízio" maior no uso. 

Sobre a questão da durabilidade dos meus calçados, sempre que penso nisto lembro de um romance de José de Alencar chamado "A Pata da Gazela", que eu li lá na adolescência e pertence ao segundo período do Romantismo no Brasil. A história apresente um homem que tem fetiche por pés femininos e se encanta com um sapato que deixam cair na importante Rua do Ouvidor - no Rio de Janeiro do século XIX. Não vou detalhar a história, mas recomendo a leitura. 

Detendo-me no ponto que me interessa, quando o homem encontra o sapato, ele pensa, a princípio, que pode ser um calçado infantil (pelo tamanho pequeno). Quando analisa mais detalhadamente, ele tem certeza que não é de uma garotinha por uma razão: o desgaste é na sola e não na superfície. Segundo o personagem, as crianças gastam mais a superfície do calçado enquanto os adultos gastam mais a sola. O jeito de andar é diferente, portanto. 

Olhando meus pares de sapato, o que percebo é que em todos a sola está intacta e a superfície começando a se destruir ou já completamente destruída. Se José de Alencar estiver correto, eu caminho como criança (não falei que sempre há uma exceção na regra?). Não sei se é bom ou ruim. 

Hoje calcei um par de sapatos já com um certo tempo de uso e pela primeira vez na vida eles machucaram um de meus pés (direito). Curativo feito, incômodo sanado, metáfora pensada. Sim, mais uma metáfora. Quantas vezes alguma coisa demora a nos incomodar? Em qualquer aspecto da vida... Quantas vezes demoramos a perceber que algo está nos machucando? E quando percebemos, o que fazemos? Colocamos cicatrizes nos ferimentos da alma também? E o que fazer com os sapatos, com a causa do sofrimento? Deixar de lado? Substituir? Cada um encontra suas respostas. Eu não desisto fácil das coisas nem das pessoas. Hoje o curativo foi no pé, mas será que não há algo que possa ser feito no sapato para que ele pare de incomodar? 

domingo, 20 de maio de 2018

E já que ontem falei em Roberto Carlos...

Geralmente eu gosto mais das versões originais das canções, mas com o repertório de Roberto Carlos é o inverso. Há várias canções gravadas e/ou compostas pelo "rei" que me agradam infinitamente mais nas vozes e arranjos de outros artistas. Alguns exemplos. 



Além do Horizonte - Jota Quest


É preciso saber viver - Titás


Nossa canção - Vanessa da Mata


Corro demais - Adriana Calcanhotto


Amor perfeito - Jota Quest (esta tem mil versões, a que mais gosto é a do Jota)


Eu preciso de você - Maria Bethânia






sábado, 19 de maio de 2018

Outra vez

Você foi o maior dos meus casos
De todos os abraços o que eu nunca esqueci
Você foi dos amores que eu tive
O mais complicado e o mais simples pra mim
Você foi o melhor dos meus erros
A mais estranha história que alguém já escreveu
E é por essas e outras
Que a minha saudade faz lembrar de tudo outra vez

Você foi a mentira sincera
Brincadeira mais séria que me aconteceu
Você foi o caso mais antigo
O amor mais amigo que me apareceu
Das lembranças que eu trago na vida
Você é a saudade que eu gosto de ter
Só assim sinto você bem perto de mim
Outra vez

Esqueci de tentar te esquecer
Resolvi te querer por querer
Decidi te lembrar quantas vezes
Eu tenha vontade sem nada a perder

Ah... você foi toda a felicidade
Você foi a maldade que só me fez bem
Você foi o melhor dos meus planos
E o maior dos enganos que eu pude fazer
Das lembranças que trago na vida
Você é a saudade que eu gosto de ter
Só assim sinto você bem perto de mim
Outra vez


Esta é a letra da canção "Outra Vez", composta por Isolda e sucesso na voz de Roberto Carlos. Cresci ouvindo o "rei" e talvez por isto eu goste muito do repertório mais antigo dele, embora nunca tenha gostado da forma como ele canta, do timbre, enfim. E hoje esta música surgiu do nada na minha cabeça. Há anos não a escutava mas bastaram os primeiros versos para a memória trazer a letra e eu cantarolar junto. E eu pensei em você. Também esqueci de tentar te esquecer, resolvi te querer por querer. Você é a saudade que eu gosto de ter mas nunca precisei dela para sentir você bem perto de mim porque você esta presente até quando está ausente. 

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Ainda sobre Segundo Sol

A novela resgatou alguns sucessos do axé na década de 1990 e os deu uma nova roupagem para a trilha sonora. Não ouvi todos os hits, mas precisava colocar uma postagem aqui para manter o desafio dos textos diários (confesso!). Sendo assim, escolhi uma interpretação da dupla Anavitória e uma canção na voz de Wesley Safadão - dois (três?) artistas que aprendi a gostar do trabalho. 

Me abraça e me beija - Anavitória 

Vem meu amor - Wesley Safadão 
(o cara contraria a lei de Murphy quando deixa a música com a cara dele mesmo lendo a letra na hora pelo celular, rs)


quinta-feira, 17 de maio de 2018

Segundo Sol: ame ou deixe-a. Eu não amo.

Quem não vê novelas (meu caso) sempre acaba sabendo alguma coisa sobre a trama pelas conversas que ouvimos aqui e ali. Esta semana, mais uma estreia no horário das 21h da Rede Globo: Segundo Sol. Uma novela que começou com polêmica por trazer 80% dos atores brancos para contar histórias de pessoas que moram em Salvador - uma cidade com 80% de pessoas negras. As principais críticas não aceitavam o argumento de que há poucos atores negros. Realmente é uma falácia. Temos muitos (bons) atores negros. Eles não têm, em geral, a mesma fama e reconhecimento dos atores brancos, mas não seria diferente nesta sociedade brasileira extremamente racista. 

Ao que tudo indica, a polêmica foi um bom marketing para a novela. A audiência começou muito bem, obrigado, inclusive na Capital baiana, onde a Rede Globo estava perdendo telespectadores para as novelas bíblicas ou infantis exibidas pelas emissoras concorrentes. Seja para criticar, por hábito ou porque se encantou com a trama, os soteropolitanos estão de olho na televisão. A Rede Globo, claro, comemora. É mais ou menos aquela estratégia do "falem bem ou falem mal, mas falem de mim". Audiência atrai anunciantes, que precisam pagar pelo espaço no intervalo comercial. A caixa registradora agradece os trending topics no Twitter. 

Eu não assisti a nenhum capítulo de Segundo Sol. Sei "por alto" que é a história de um cantor de axé em decadência na carreira que é dado como morto - e resolve assumir o boato como verdade porque a vendagem de discos aumenta com a comoção nacional. Ler as postagens sobre Segundo Sol me trouxe momentos saudosistas do auge do axé. Músicas que falavam de amor com uma batida cadenciada do samba-reggae, outras com letras de duplo sentido e todas nas paradas de sucesso. Como exemplo, esta canção da Banda Eva, interpretada por Ivete Sangalo no começo da carreira. 






quarta-feira, 16 de maio de 2018

Recordações musicais

Um grupo musical formado em geral por rapazes adolescentes que fazem as meninas da mesma faixa etária suspirarem, gritarem histericamente nos shows e consumirem álbuns, camisetas, figurinhas, bonecos, gibis e o que mais a indústria cultural inventar. Hits "chicletes" e coreografias que todos querem imitar, que ficam semanas nas paradas de sucesso e muitas vezes anos no esquecimento. Eis a fórmula de sucesso das chamadas boy bands. Elas entram em "ciclos" de moda, surgem algumas ao mesmo tempo e depois de uma certa "peneira" uma se destaca por alguns anos. Então, começa o "desmanche", alguém sai do grupo e o sucesso começa a ser coisa do passado. A história se repete com Menudo, New Kids On The Block, Backstreet Boys e (apesar de não ser uma Boy, mas uma Girl Band), Spice Girls. 

Confesso que a partir daí nenhuma mais ganhou meu coração, embora eu nunca fosse daquelas fãs que mencionei no início do texto. Eu curtia o som e achava (alguns) rapazes bonitos e nada além disso. 

O Brasil, claro, criou suas próprias boy bands. Dominó e Polegar são as da minha infância/adolescência mas não me arrancavam suspiros como o Menudo fazia. Na versão nacional, o que eu mais cantei foi o repertório das nossas Spice Girls, o Rouge. Difícil encontrar alguém que não tenha sido possuído pelo ritmo Ragatanga... Eu fui! E como recordar é viver, uma pequena seleção de músicas que gosto desta galera que não saem da minha playlist até hoje!

Poupei vocês da coreografia ridícula da apresentação na TV brasileira


Tentei algumas centenas de vezes o passo da escada. Desisti


Depois do comentário anterior, acho que é desnecessário falar sobre as cadeiras


Escadas novamente... seria um crush?


E quanto acerta a coreografia se embola para cantar o refrão (mesmo com a legenda)

terça-feira, 15 de maio de 2018

Meus textos

Eu gosto quando as pessoas elogiam meus textos. Normalmente escuto que são fáceis de ler, envolventes. Palavras que soam como músicas para os ouvidos de uma jornalista. Alguns elogios são marcantes. Entre eles, um que ouvi na graduação e veio de um professor que era tão brincalhão e crítico que levei um tempo na dúvida sobre a seriedade da declaração. Ele disse que a principal característica do meu texto é a leveza e que isto faz com que ele se aproxime bastante do coloquial, da linguagem oral. Até aqui já estava lindo, mas ele aprimorou os louros dizendo que se eu investisse em crônicas tinha tudo para ser "Luis Fernando Veríssimo de saia". Não acho que mereço tamanha honra com esse comparativo, Veríssimo é um dos maiores escritores deste país.

Outro elogio marcante veio de uma forma singela, quando ouvi de você que eu sei "usar muito bem as palavras". Relendo alguns textos de minha autoria (publicados aqui ou não) eu percebi que os que eu mais gosto são os que falam de amor, os que falam de você. Nestes textos, as palavras se unem para formar frases e parágrafos mas não usam apenas conectivos como preposições, conjunções, pronomes relativos e outros artifícios gramaticais, elas usam sentimentos, emoções, sensações. Não sei sentir pela metade, não sei sentir sem intensidade, não sei sentir sem verdade. Você ilumina meu sorriso e faz esse brilho se expandir por todo o meu corpo e minha alma. E quando escrevo algo por você, sobre você ou para você este sentimento transborda e ganha lindas formas.

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Teste vocacional

Clicando aqui e ali em busca de temas para postagens, encontrei um teste vocacional online e gratuito. Adoro responder questionários, fazer testes, pesquisas... Fiz o teste, e o resultado não me surpreendeu. Das minhas três graduações, duas estão no resultado! E justamente as duas com as quais eu mais me identifico. Também não posso negar que sou muito intuitiva e cada vez mais me deixo conduzir por esta intuição. É ela que me diz que nossa história ainda não acabou. 

Eis o teste (esqueci de copiar o link e fechei a janela, sinceras desculpas para quem ficou curioso).


Intuição é o seu forte!
Pessoas como você são facilmente reconhecíveis por seu entusiasmo e interesse nas relações humanas, você têm na intuição o seu ponto forte. Muitas endereçam seu esforço e talento para o desenvolvimento intelectual de alunos e discípulos e o conforto psicológicos de pacientes e colegas de trabalho. No seu grupo de pessoas, estão as personalidades mais laureadas com o Nobel da Paz e de literatura.
Profissões Sugeridas:
Artista plásticoDramaturgoEducadorEscritorProfessorPsicólogoPsiquiatraSociólogoFilósofoJornalistaPedagogoTerapeuta ocupacionalTradutor

domingo, 13 de maio de 2018

13 de maio

Segundo domingo de maio, dia das mães. Segundo domingo de maio, dia 13, data em que se comemora o final da escravidão no Brasil. Será mesmo motivo de comemoração? A Lei Áurea não trouxe a igualdade, embora de lá para cá, na verdade, tudo tenha continuado igual. Apenas com um certo "ar de modernidade" do século XXI. As senzalas se transformaram em favelas e as casas grandes em condomínios de luxo. Fechados, como outrora. A lista de "equivalências é enorme mas não vou detalhar por duas razões: primeiro, para o texto não ficar muito extenso e, segundo (e principalmente por isso) porque apenas quem sente a dor sabe como dói. 

Tive a sorte de nascer com a pele branca em uma sociedade racista, mas nem por isso escapei de outros preconceitos. Sou mulher, acima do peso, não nasci em uma família rica. Não foi fácil, não é fácil, mas sei que para mulheres negras é mil vezes mais complicado. Novamente, não vou detalhar. Não teria palavras suficientes. Tenho apenas empatia e esperança de que um dia sejamos todos iguais.

sábado, 12 de maio de 2018

"Vou errando enquanto o tempo me deixar"

E se a vida lhe oferecesse um corretivo para apagar momentos que você gostaria de esquecer? Seria ótimo? Vamos fazer um comparativo (pela milionésima vez: eu adoro metáforas!) Pensemos em um texto escrito à mão. Estamos escrevendo e... opa! Erramos! Pega o corretivo e passa. Espera secar, escreve o certo e continua.

 Lembre-se que por melhor que seja a sua habilidade com o corretivo, e ainda que você escreva por cima, sempre ficará uma marca para lembrar de que havia uma coisa ali antes e que você encobriu um erro buscando a perfeição. O corretivo, na verdade, acaba ressaltando o erro e mostrando que você quis disfarçar. 

Ainda com a metáfora do texto escrito à mão, agora vamos pensar em passar um traço na palavra que escrevemos errado e continuar o texto. As marcas do erro ainda estão ali, mas de forma assumida, sem que tentássemos disfarçar ou esconder. E outro detalhe importante: passar um traço e seguir adiante é muito mais rápido! Acho que não preciso dizer mais nada, encerro por aqui. 

sexta-feira, 11 de maio de 2018

O universo conversando comigo mais uma vez

Durante a aula, eu pego o celular para checar se há mensagens no WhatsApp. Não há, mas aí resolvo entrar no Instagram. E qual a primeira imagem que vejo? Esta aqui. 


Resultado de imagem para a vida e o que acontece quando voce nao esta no celular


O detalhe que não falei lá em cima é: havia se passado pouco mais de 30 minutos desde que eu havia checado a existência de novas mensagens no WhastApp. Entendi o recado do universo. Estar conectado é importante, mas tudo tem seu ponto de equilíbrio.

E quando eu digito no Google o começo da frase para buscar a imagem que vi no Instagram, encontro esta aqui:

Resultado de imagem para a vida acontece quando você está ocupado fazendo outros planos


Planejar é bom, mas, novamente, tudo tem seu ponto de equilíbrio. Eu tinha o hábito de planejar absolutamente tudo na minha vida, mas percebi que não sabia lidar com algumas mudanças de plano. Era absolutamente tudo mesmo! Eu planejava até o que eu ia almoçar. O que há de errado nisto? Planejar uma coisa que não depende de mim. Este é o grande problema. Se eu penso em comer algo mas o restaurante não oferece aquela opção no dia, tenho duas opções: adaptar meu prato ao menu ou sair buscando o que eu quero em outros estabelecimentos mas, logicamente, sem nenhuma garantia do que eu vou encontrar. Então, por que não deixar para fazer os "planos" na hora de montar o prato? Uma atitude simples que muda tudo. Se você não tem planos, não alimenta expectativas, não lida com as frustrações que levam à busca de prazer na comida (no meu caso).

Não estou dizendo que planejar é ruim. O excesso é ruim. E precisamos aprender a lidar com as mudanças de plano. Algo não saiu como esperado? Vamos manter a calma e analisar oque pode ser feito. Nada pode ser feito? É uma solução também. A vida é simples, nós que complicamos. 

quinta-feira, 10 de maio de 2018

Vence dor

Mais um tema de postagem que vem das redes sociais. Eu nunca havia observado a palavra vencedor desta forma. Talvez por ter nascido mulher e encarar o termo com a flexão de gênero. É mais difícil enxergar que vencemos dores quando somos vencedorAs. Uma mensagem simples, mas que me lembrou uma história linda, emocionante, cheia de superações, de dores vencidas. Dores físicas, emocionais, morais. É uma história que ainda não acabou, pelo contrário, ainda tem muito para ser escrita. Uma história que não está em livros nem foi transformada em um roteiro de filme (ainda) mas que tem alguns capítulos escritos aqui mesmo, neste blog. Sim, é a história da minha vida!. E como eu me orgulho dela! Não foi sempre assim, claro, mas aprendi que as minhas cicatrizes me fazem ser o que eu sou. Nem melhor, nem pior, nem igual a ninguém. 


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quarta-feira, 9 de maio de 2018

Futebol não se discute. Opiniões também não

O Esporte Clube Bahia hoje entrou em campo para enfrentar o Vasco da Gama em partida válida pela Copa do Brasil. Vencemos por 3 x 0 mas o que importa aqui não é o placar. O time vinha, até então, apresentando muita instabilidade e um futebol pouco convincente em muitos momentos (ainda que tenha conquistado o título estadual e que esteja nas semifinais do campeonato regional). Quem gosta de futebol geralmente não se contenta apenas com resultado. Não basta vencer, tem que promover espetáculo. Eu, particularmente, sou destas. Hoje, no entanto, venceu e convenceu. Jogou muito bem, como a gente gosta de ver. Envolvendo a equipe adversária, buscando o gol o tempo inteiro e com uma defesa sólida e bem posicionada. Como diz o torcedor apaixonado, "dando aula de futebol". 

A relação da torcida do Bahia com o atual treinador, Guto Ferreira, não é das melhores. Há um certo orgulho ferido porque, no ano passado, ele deixou o cargo no tricolor (que disputava a série A do campeonato brasileiro) para comandar o Internacional de Porto Alegre (que disputava a série B). Foi o suficiente para que o título estadual e nordestino e o acesso ao primeiro escalão do futebol nacional fossem esquecidos por alguns. A mágoa de ver o time do coração preterido foi maior. Outros questionam o trabalho de Guto, e a mim parece uma postura mais adequada. Como eu falei anteriormente, o time estava se apresentando muito mal. Neste sentido, não era cobrança indevida. 

Por esta relação tumultuada, boa parte da torcida quer a substituição do treinador (quando o Bahia não vence e não joga bem eu sou uma delas). Uma destas pessoas que pede "a cabeça" do Guto é um dos meus amigos. Para mim sempre foi fácil respeitar a opinião de outras pessoas quando ela difere da minha, mas percebi que me incomoda bastante quando ele diz que vai torcer para o time adversário porque se o Bahia perder aumenta as chances de demissão do treinador. Respeito, mas não aceito. Torcer contra o próprio time? Não me parece nada razoável. 

O fato é que este episódio me fez observar que temos visões totalmente opostas em relação ao futebol que talvez se estendem para a vida. Eu sou otimista, estou sempre alegre, vejo o copo meio cheio. Ele está quase sempre pessimista, melancólico e costuma ver o copo meio vazio. Em dias de jogos, eu sempre espero triunfos tricolores e ele vem com aquela conversa de que "o Bahia vai ser humilhado, vai tomar no mínimo uns cinco, mas é bom porque Guto cai". Hoje foi assim também, mas adotei uma postura diferente. Perto do início da partida, quando ele começou  com esse papo eu fui educada, mas sincera e direta e disse algo como "não vou falar com você mais hoje, não quero brigar. Temos visões muito diferentes e apesar de respeitar sua opinião eu não concordo com ela e me sinto incomodada em ouvir". Ele ainda tentou argumentar, mas não dei atenção. 

E por que eu trouxe isto para cá? Porque fiquei pensando que em meio a tanto discurso de ódio que acontece na internet, talvez esta seja uma postura adequada. Respeitar a opinião, mas se afastar da discussão. E comecei a questionar se esta amizade não é uma das minhas tintas amarelas, das quais falei dois posts abaixo. Não precisamos ter afinidade com os amigos em absolutamente tudo, mas e quando não temos afinidade em nada, ainda assim é possível ter amizade?

terça-feira, 8 de maio de 2018

Os sete pecados capitais - episódio 2

Lembram da série sobre os pecados capitais? Não? Nem eu estava lembrando (risos), mas explico essa história aqui. O episódio número dois é sobre a gula. Segundo as definições que encontramos por aí, a gula é o desejo insaciável por comida e bebida. Quem nunca cometeu este pecado, que atire a primeira pedra! Não serei eu a atirar a primeira pedra.

De forma geral, a nossa relação com a comida é emocional e tem bases culturais para sustentá-la. Não comemos somente quando temos fome biológica, uma necessidade de suprir o corpo com nutrientes para que ele se mantenha funcionando bem. Comemos também quando temos fome emocional. Seja esta causada por hormônios, por tristeza, por ansiedade e até mesmo por alegria. Comigo foi assim a vida toda. Até que um dia, o muito tempo que dedico às redes sociais foi útil. Quando eu vi aquele anúncio no Facebook eu não sabia que ali se iniciava uma revolução na minha vida. 

Antes de narrar esta história, uma breve contextualização. A vida inteira estive acima do peso, mas há oito anos isto chegou ao ponto de me incomodar bastante. E não somente pela estética (várias pessoas me perguntando se eu estava grávida pelo tamanho da minha barriga, apenas poucas peças de roupa cabendo em mim...) mas também pela funcionalidade do corpo. Eu não tinha disposição, andava de forma lenta e meus joelhos começavam a reclamar da sobrecarga. Olhei bem no fundo dos meus olhos, diante do espelho, e perguntei para mim mesma: é esta pessoa que você quer ser?

Não, não era. Então eu precisava fazer alguma coisa, mas tudo ainda estava no campo das ideias. Até que um belo dia, eu encontrei na internet uma tal de "dieta dos pontos". Nunca havia feito dieta na vida e o cardápio exemplo que a reportagem trazia era para uma mulher da minha altura. "É só seguir, pensei". E comecei a fazer isso. No primeiro mês, muitos quilos a menos na balança (acho que foram sete)! E surgiu o pensamento "se seguindo dieta de revista já tive este resultado, se eu procurar uma nutricionista eu emagrecerei muito mais rápido". Marquei a consulta, peguei o cardápio, segui direitinho e voltei trinta dias depois. O resultado na balança foi a metade do que a dieta da revista apresentou. Oi?! Isso mesmo. Fiquei frustrada, mas hoje entendo as razões disto. 

Continuei com a nutricionista e ela "me obrigou" a iniciar atividades físicas. Eu odiava, mas busquei uma academia. Os dias foram passando e meus hábitos foram mudando: em cinco meses (contados do início da dieta que encontrei na internet), a balança mostrava menos 14 quilos! No espelho a sensação era de uma perda muito maior. Pela primeira vez na vida, eu comprava as roupas que eu gostava e não as que cabiam em mim. Os joelhos praticamente não doíam mais. A autoestima batia todos os recordes! Eu me sentia saudável, disposta, plena, poderosa, "dona da porra toda".

E então, os 14 quilos voltaram. E trouxeram mais 6 com ele. Eles não chegaram de repente, e as minhas tentativas de frear a subida do ponteiro da balança foram todas mal sucedidas. E então, o anúncio no Facebook apareceu. Era uma loirinha simpática e bonita, nutricionista, falando em terrorismo nutricional. Jéssica Ribeiro é o seu nome. Uma pessoa que dizia que "nada engorda e nada emagrece, isoladamente, o que faz isso é o conjunto". Comecei a acompanhar o trabalho dela nas redes sociais e pouco tempo depois ela lançou a segunda turma do curso "Nutrição Sem Prescrição", em plataforma online. A esta altura, eu já me identificava com o trabalho dela e comprei o curso.

Foi assim que entendi que precisava transformar a minha relação com a comida. O curso veio em uma fase de muita turbulência na minha vida pessoal e mesmo sendo online foi difícil de acompanhar por razões diversas. A redução do peso na balança não veio durante o curso (está começando agora, as sementes estão começando a germinar), mas outras transformações aconteceram. Entre elas, o empoderamento que o conhecimento me trouxe na hora de fazer minhas refeições. Hoje sei exatamente como fazer boas escolhas, como montar refeições equilibradas, aprendi a controlar o que como e não ser controlada por isto. E, principalmente, o autoconhecimento. Aprendi a observar e escutar meu corpo, a ter paciência comigo, a não me cobrar tanto. 

No curso, conheci uma psicóloga que faz atendimentos online e mora em outro estado. Ganhamos uma consulta "bônus" com ela e resolvi dar continuidade à terapia. Uma das melhores decisões da minha vida. Era a segunda Jéssica importante no caminho que me levou a mim mesma. Costumo dizer que fazer terapia é como abrir uma gaveta esquecida em um armário. Você encontra coisas que você não imaginava nem lembrava. Para não embolar ainda mais o meio de campo, não vou falar sobre a terapia agora. O assunto é a gula! Algo que já lido muito bem. Já não sou aquela que se atraca com as crianças pelos brigadeiros nas festas de aniversário, sou aquela que come quando tem fome e que sabe o que faz bem para o meu corpo e o que não faz. E sem precisar de nenhum papel para me dizer isso, nem seguir horários fixos. Basta ouvir e respeitar meu corpo. 

Obviamente, recaídas fazem parte do processo de emagrecimento. E aprendi a lidar com elas também. Hoje eu sinto que estou com passos mais firmes nesta caminhada. Tenho excelentes profissionais me acompanhado (nutricionista, psicóloga, personal, fisioterapeuta) mas sei que a principal responsável pelos alcance dos meus objetivos sou eu mesma. 

segunda-feira, 7 de maio de 2018

A tinta amarela

Não sei se é verdade a história, mas ela traz uma (querida) metáfora. Suficiente para ganhar meu coração? Sim! E para me fazer pensar também. Adoro estes convites à reflexão. "De que história você está falando, Conça?" A de Van Gogh, o pintor holandês. Não, não vou falar da surdez provocada pela automutilação, mas da tinta amarela. A história que eu encontrei dizia que o artista acreditava que a cor amarela trazia felicidade. E assim, ele ingeria a tinta amarela, achando que assim seria feliz. Entretanto, havia na tinta substâncias tóxicas que podem ter causado ou agravado o quadro de depressão.  No final, a pessoa que conta a história pergunta: quem é a sua tinta amarela?

E os pensamentos começaram a surgir para mim. Será você a minha tinta amarela?  Será que as histórias que vivi antes é que eram as minhas  tintas amarelas? Será que eu me comporto como tinta amarela para mim mesma? Em que momentos? Não tenho pressa em encontrar estas respostas. Na verdade, acredito que elas me encontrarão, da mesma forma que as perguntas me encontraram. No momento certo, tudo se encaixa, tudo faz sentido. 

Quando li sobre a tinta amarela de Van Gogh, lembrei dos quadros dele que já vi em fotografias, entre eles "os girassóis", onde, logicamente, o amarelo predomina. Aliás, o amarelo é muito presente na obra deste artista, que em vida vendeu apenas uma única tela. Lembrando do quadro, lembrei da flor e uma nova metáfora se formou na minha cabeça e trouxe um trecho da canção do Ira: "como eu sou um girassol, você é meu sol". 

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domingo, 6 de maio de 2018

O que é pior: a dúvida ou a verdade?

Uma amiga usa um "meme" nas redes sociais para perguntar o que é pior: a dúvida ou a verdade? Algumas pessoas e ela mesma comentaram dizendo que a dúvida era pior. Eu respondi que a depender da situação, a verdade pode ser pior porque a dúvida ainda mantém vivos sonhos e esperanças. Sim, a dúvida é uma grande companheira da ilusão e esta, geralmente, é doce. E de que se alimentam sonhos e esperanças? De açúcar, ou melhor, de doce. Doce ilusão. 

Neste caso, a dúvida é melhor porque sem sonhos e sem esperança muitas vezes não se tem propósito e sentido na vida. A verdade só será melhor do que a dúvida se tornar os sonhos realidade. Não sendo assim, ela é implacável. Destrói os sonhos, as esperanças e os corações como o calor derrete os chocolates. O segredo está em pegar o chocolate derretido e colocar em uma forma para que ele ganhe nova forma. É preciso se permitir. 


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sábado, 5 de maio de 2018

Prenda-se somente ao que lhe liberta

Quando acordei hoje eu lembrei de uma coisa que eu precisava comprar. Para não esquecer, decidir anotar imediatamente (e aproveitar para fazer uma pequena lista de compras). Lembrei que tinha um caderninho de anotações e uma caneta na gaveta do criado-mudo, ao lado da cama. Raramente eu me lembro que há papel e caneta logo ali à mão, o que reforça a minha tese de que nada é por acaso. A razão para que eu lembrasse hoje foi que havia algumas anotações no caderninho (obviamente eu nem lembrava mais) e passando as páginas até encontrar uma folha em branco eu me deparei com uma frase que certamente eu precisava ler hoje: prenda-se somente ao que lhe liberta. 

Acredito que a frase seja minha porque não havia nome de nenhum autor junto e certamente eu colocaria o crédito se registrasse o pensamento de alguém. O fato é que a frase foi uma centelha de luz que iluminou meus pensamentos e trouxe uma resposta que eu buscava há meses, desde que me foi perguntado o que me prende a você. Eu até contestei a palavra, pela força negativa do termo prisão, mas hoje entendi as coisas mais claramente. O que me prende a você é a liberdade de ser quem eu sou. Você foi a chave que abriu o cadeado que eu havia colocado no meu coração, foi a luz que me chamou para fora do casulo. Sempre foi na sua direção que eu quis voar. 

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sexta-feira, 4 de maio de 2018

Online

Compras, cursos, terapia. As opções online são realmente muito úteis para quem tem uma rotina atribulada como a minha. Poder fazer algumas atividades em casa, fora do horário comercial, parece que "estica" o dia. Ainda assim, é preciso organização e determinação, para evitar as armadilhas da dispersão (olha, que lindo, criei um "eco" sem querer) que roubam tempo, o que justamente você quer ganhar e não perder, quado opta pelo mundo conectado. 

Não vejo estas armadilhas com a terapia porque tem hora para começa e terminar. Então, até intuitivamente, você se concentra em fazer bom uso do tempo. E, neste caso, a falta de liberdade garante o compromisso. Apesar de uma certa flexibilidade no horário, normalmente ele é o mesmo todas as semanas e você se programa para as sessões. Não é o que acontece com os cursos online, por exemplo. Primeiro, porque um dos grandes atrativos deles, a liberdade, é um convite para a desorganização. Posso acompanhar as aulas quando eu quiser, em um período de um ano. Então, vou adiando, adiando, adiando... até que o prazo está acabando e tenho que correr. 

É preciso, então, estabelecer uma rotina de estudos. Direcionar parte do seu precioso tempo para aquelas aulas. Você não comprou o curso porque estava com dinheiro sobrando e não sabia como gastar, você quer o conhecimento. Programe-se! Além da procrastinação, outras armadilhas que podem atrapalhar: deixar outra aba do navegador aberta (ah, espiar o Facebook dois minutos não vai fazer diferença - mesmo eu sabendo que estes dois minutos vão se transformar em uma hora), deixar as notificações das páginas ativadas (olha, chegou um e-mail da loja y, será que é uma promoção boa?) deixar o celular por perto (quem me chama no WhatsApp?), a própria falta de rotina e hábito de estudos (daqui a pouco eu vejo a aula, mas também posso deixar para amanhã). 

Com relação às compras é parecido. Além do tempo gasto para a realização da compra ser maior se cairmos nas mesmas armadilhas dos cursos online, podemos ter um custo de compra maior pela facilidade do uso do cartão e não ver o dinheiro dar adeus na mesma hora. E também pelas sugestões tão simpáticas que as lojas fazem baseadas nos seus cliques (se você gostou disso, também pode se interessar por aquilo) e aí vamos enchendo os carrinhos virtuais. Apesar disso, é importante desprender alguns minutos para consultar opiniões de consumidores sobre algum produto/empresa/serviço que não conhecemos. Vale consumidores conhecidos ou desconhecidos. Este sim é um bom investimento de tempo que evita dores de cabeça futuras. 

EAD: ESTUDO ONLINE

quarta-feira, 2 de maio de 2018

Deixando a voz simpática sem graça

Celular toca no meio da tarde, número desconhecido.  Durante cinco segundos eu alimento a dúvida sobre atender ou não atender, mas decido atender. Do outro lado, uma voz simpática se apresenta como consultor da operadora x e me pergunta se eu tenho internet em casa e se estou satisfeita com a minha operadora. Eu respondo que sim. A voz simpática do lado de lá tenta insistir com um convite "a senhora não gostaria de ouvir sobre os nossos pacotes? temos ótimas opções". A voz do lado de cá (acho que simpática também), responde com a sinceridade que lhe é peculiar: "não adianta perder seu tempo e o meu, não há disponibilidade de instalação para a minha residência".

Um pequeno parêntese: eu era cliente desta operadora, mas quando mudei de residência fui informada que não havia disponibilidade para instalação no meu novo endereço. Lá se vão quatro anos, mas ainda não resolveram a questão (vira e mexe alguém comenta sobre isso no grupo do condomínio porque acabamos ficando com praticamente uma única opção). Sigamos o relato. 

A voz simpática não se dá por vencida e me pede o CEP do endereço para verificar. Claro que acrescenta o bom e velho "sem compromisso" no final da frase. A voz do lado de cá (acho que ainda simpática), sabendo qual seria a resposta, resolve se divertir deixando a pessoa sem graça. Informo o CEP e acho que não consigo disfarçar um sorrisinho de "eu avisei" quando a voz simpática fala, sem graça como esperado, que "realmente não há disponibilidade". A-ha! Não era uma desculpa criativa da cliente, era verdade! O cliente tem sempre razão!