Resolvi escrever para você, que procura amizades eternas. Serei eu uma delas? Cabe um sim como resposta, cabe um não, então escolhamos um talvez. Deixemos que o tempo aja e que se cumpra o destino (do jeito que eu acredito nele, com as nossas escolhas sendo protagonistas do enredo). Você que gosta da interferência do acaso colocando pessoas na sua vida. Você que nunca vai entender (e assumir) que gosta de conversar com alguém que escuta MC Kevinho, Léo Santana e Harmonia do Samba - vou confessar, não é somente uma estratégia para não dormir quando preciso dirigir à noite e nem repertório das aulas de FitDance, quando estou limpando a casa também gosto.
Você conhece mais de mim do que eu de você e isto não me incomoda. No começo era divertido ver você tentando me colocar no divã e eu resistindo, lhe dando pistas para descobrir o grande enigma que (penso que) sou. Não foi premeditado nas primeiras conversas, isto é espontâneo em mim. Depois de um tempo tornou-se premeditado sim. Respostas pensadas, milimetricamente calculadas. Uma pecinha do quebra-cabeças por vez. Eu não tinha tanta curiosidade em conhecer você, mas tinha muita curiosidade em saber os motivos da sua curiosidade sobre mim. Seria eu um bom objeto de estudo? De uma coisa tenho certeza, minha autenticidade é o que você mais admira em mim.
Aprendi muitas coisas com você, e não estou falando apenas nas dicas para escolher uma boa seguradora para o veículo. Aprendi a gostar de você, por exemplo. Aprendi sobre mim também, nas diversas vezes em que me reconheci em tudo ou não me reconheci em absolutamente nada do que você dizia perceber sobre mim (errou mais que acertou, mas agora o blog facilita e muito a sua vida de "caçador de mim"). Era (e continua sendo) divertido e desafiador tentar ler as suas entrelinhas. Acredito que você nunca admita que tentou me colocar no divã (no sentido terapêutico da expressão), mas eu percebi a estratégia. Algumas vezes as entrelinhas continham pequenas confissões. Quando eu quis, eu fui sozinha até o seu divã, embora eu ache que sempre levanto antes da sessão terminar...
Enfim, pode-se dizer que o Doutor conquistou um espaço no coração da Toninha. Não é amor de amante, amor romântico, amor platônico, é amor de amigo, fraternal, sem luxúria. No divã, fazer apenas terapia. Tive a certeza de que gosto de você no dia do que chamo de "ataque de fúria", quando fiquei absolutamente triste com a possibilidade de você se afastar de mim e, pior, com a possibilidade de eu ter causado feridas na alma! Estas, algumas vezes, não cicatrizam nunca.
Acho que consigo imaginar você lendo estas linhas. Seria pós aula de natação daquelas em que não se sente as pernas? Primeiro, o espanto. Eu???? Sim, você!!!! Alguns minutos pensando nas razões da postagem (esquece, nem eu sei). Depois, uma leitura rápida, talvez outra mais aprofundada e algumas anotações no meu "prontuário". Um sorrisinho no canto da boca, uns acordes perturbadores para os vizinhos e o pensamento de que este texto deveria ser escrito depois de uma conversa à beira mar, regada a vinho enquanto o sol se põe. Sem chance, eu não gosto de vinho.