segunda-feira, 30 de abril de 2018

Somos todas clandestinas

Minhas pesquisas para uma avaliação na faculdade (sobre o tema aborto) me levaram a conhecer o site Somos Todas Clandestinas. Conheci alguns vídeos no Youtube também, muitos baseados nos relatos publicados no site que mencionei. Sempre tive uma postura favorável ao aborto, desde a adolescência e não acho que a legalização vai proporcionar abortamento em massa. Não foi assim em nenhum país (certo, eu sei que no Brasil tudo é diferente) porque não é uma decisão simples como "o que devo fazer para o jantar?". A legalização evitaria a morte de muitas mulheres por ano, porque, não vamos nos enganar, o aborto é uma realidade. As mulheres que abortam estão aí, do seu lado. 

Eu nunca estive grávida, nunca fiz aborto, mas consigo entender os dramas psicológicos de quem pensa e/ou adota esta prática. Quando se pesquisa um pouco para conhecer os métodos mecânicos de interrupção de gravidez e percebemos o quão invasivos eles são, sabemos que não é uma decisão simples. E como se não bastasse toda a dúvida, medo, culpa, solidão (são os sentimentos mais comuns), a mulher que aborta muitas vezes precisa enfrentar o julgamento e maus tratos da equipe médica que deveria acolhê-la quando há alguma complicação e ela precisa ser hospitalizada. Isto, eu acho, foi o que mais me chocou nos relatos em texto e vídeo. Quem sou eu para obrigar uma mulher a prosseguir com uma gravidez indesejada que pode trazer inúmeros problemas (de toda ordem)?

O aborto é um tema complexo e controverso demais para se esgotar em poucas linhas. Poderia escrever horas sobre isso (quem sabe em um artigo científico, TCC ou algo assim?), mas não acho que seja o momento nem o local apropriado. Deixo apenas o registro de minha singela opinião e um pedido: não julgue! Você pode até não concordar e não querer isso para a sua própria vida, mas não acho que seja difícil entender o ponto de vista do outro. A mulher que interrompe a gravidez não precisa de ironia, não precisa ser amaldiçoada, não precisa ser apontada, humilhada, constrangida. Ela precisa de apoio, de carinho, de compreensão, de humanidade. 

domingo, 29 de abril de 2018

Como tomar decisões: um exemplo prático

Analítica como me descobri (ou me aceitei?) nas dinâmicas e ferramentas de coach utilizadas para traçar "perfis" em palestras que participei como ouvinte (a última delas na tarde de ontem, sobre gestão e planejamento de carreira), sempre gostei de ponderar todos os ângulos de uma situação que exigia uma decisão minha. E, assim, eu me guiava pela razão e até me orgulhava disso. Acredito que é um método eficiente decidir com a razão, normalmente eu não me arrependo das minhas decisões bem pensadas (claro que existem as exceções que confirmam as regras). 

Acontece que, mesmo na fase em que eu me considerava "100% razão", uma coisa sempre foi muito forte em mim, a ponto de vencer o lado racional: a intuição. E como seria diferente para uma mulher de escorpião? Ainda mais depois de algumas lições aprendidas na escola da vida. E agora que meu lado emocional não está mais trancafiado no calabouço do âmago do meu ser (uau!) as minhas decisões passaram a ser mais equilibradas: um pouco de razão, um pouco de emoção, um pouco de intuição. Foi assim que tomei umas das decisões mais acertadas da minha vida: o personal!

Foi uma decisão em etapas, digamos assim. Primeiro, o lado racional: eu precisava de um incentivo novo para a musculação, que é uma modalidade de exercício físico importante para mim mas que nunca me seduziu muito. Na verdade, sempre achei chato e monótono, sobretudo quando já estava chegando à metade do treino e eu já havia decorado a ficha. Hoje sei que parte disso é porque meu corpo se adapta muito fácil e precisa de novos estímulos o tempo todo. O trabalho com o personal me fez conhecer ainda mais meu corpo, como ele funciona. Outro ponto da decisão racional, claro, foi o orçamento. Era possível encaixar essa nova despesa? Precisaria fazer ajustes? 

Quando eu encontrei as respostas para estas questões, surgiu uma tão ou mais importante: a quem eu confiaria este trabalho? Por uma questão de comodidade (e exigência da empresa) precisaria escolher um dos instrutores da academia. Dentre eles, a minha intuição apontava que só havia um que se encaixava no meu padrão de exigência. Estes fatores ainda estavam se consolidando na minha cabeça quando a emoção (talvez um pouco influenciada pelos hormônios menstruais) me fez perguntar a ele "de sopetão" se ele trabalhava como personal e se teria horários disponíveis para mim. A resposta positiva desencadeou os fatores emocionais: eu precisaria mudar meus horários de exercícios físicos para o turno noturno para me adequar à disponibilidade dele e deixar de usar meus estoques de desculpas esfarrapadas para não ir malhar. O desafio estava lançado. 

E assim, começamos. Ele é exatamente o profissional que eu esperava, queria e precisava. Alguém que me incentiva respeitando meus limites e que me inspira confiança para quebrar as barreiras das crenças limitantes do "eu não posso", "eu não vou conseguir". Apesar do objetivo principal ser o emagrecimento, ele planejou meu começo com um trabalho de fortalecimento da musculatura para que as dores no joelho (agravadas pelo sobrepeso) sejam coisas do passado. Ele não fica se metendo em minha alimentação, a única "dica" que me deu foi procurar um nutricionista (fantástico, cada um no seu quadrado), não fica me perguntando se "estou firme na dieta". E a não cobrança funciona muito bem para mim, porque eu já faço isso o tempo inteiro. 

Foi uma coisa meio "automática" ajustar a alimentação. Quando percebi os primeiros resultados (ausência de dor nos joelhos, caminhando com passos mais rápidos e firmes e não arrastando a língua no chão depois de subir escadas), eu percebi que só faltava eu fazer a minha parte para além da academia. Aprendi com minha psicóloga que entre os fatores que me fazem ganhar peso há um que eu posso controlar e eu preciso usar este meu poder. Qual é o fator? A minha decisão de o que colocar no prato. Não vou me apegar a números nem querer fórmulas mágicas e/ou milagrosas. Paciência também é algo importante neste processo. O fato é que os dois quilos eliminados este mês com pequenas e inteligentes mudanças no cardápio (comer coisas saudáveis sem deixar de agradar o paladar) são um grande impulsionador para seguir em frente.

As lições que ficam deste blá-blá-blá todo são: 
  • As suas batalhas nunca serão vencidas se o general no comando não for você mesmo e aprenda a usar a emoção e a intuição (se ainda não o faz) em suas decisões. 
  • Você não é só um corpo, não é só um cérebro, não é só uma alma. É tudo junto e misturado. Então, algumas decisões podem ser assim também. 
  • Na guerra pelo emagrecimento, a melhor nutricionista do mundo não come por você e o melhor personal do universo não malha por você. 
  • Algumas decisões não permitem que você volte atrás, mas sempre haverá novas portas, novos caminhos. Seguir em frente pode ser o melhor deles. 
  • Estabeleça metas realistas para sua vida. Assim você evita frustrações de expectativas e orgulha-se quando surpreender a si mesmo. 

sábado, 28 de abril de 2018

"Já era de se esperar não é?"

Fechando a semana de postagens musicais, percebi que gostei da ideia de colocar uma música para "ilustrar" (não achei uma palavra mais apropriada) o tema da postagem. Acho que farei isso mais vezes, até porque sempre há uma música (seja de que estilo for) que coloca nossos sentimentos em versos e acordes. Então, para encerrar a semana, uma canção de Kell Smith (Nossa Conversa). Hoje não vamos fingir os motivos da escolha da música: "só hoje eu já desisti de nós mil vezes", "mas quando eu falo de amor por aí, é pensando em você"....


sexta-feira, 27 de abril de 2018

E as postagens musicais continuam

Ah, não vou quebrar a semana de postagens musicais. Até amanhã, somente, prometo (ou não)!. Duas músicas do Araketu. Normalmente eu prefiro as versões originais das gravações, mas a voz de Tatau e a batida do Araketu (era um casamento perfeito, mas chegou ao fim) me tocam de uma maneira sem igual nestas duas canções. Eu já as conhecia, mas não apreciava nadinha "Carta Branca" em ritmo de forró (vários gravaram essa música) e muito menos "Amantes" com José Augusto (achava muito brega, inclusive). Então, é isso. Vamos fingir que o motivo das minhas escolhas para a postagem musical de hoje é (somente) um momento saudosista de duas canções que adoro, de uma época de ouro da axé music, do Araketu com Tatau. 




quinta-feira, 26 de abril de 2018

Nada tanto assim

Será que esta semana será inteira de postagens musicais? Não nego nem confirmo. Pela questão do tempo apertado, hoje vamos com uma música do Kid Abelha (quando ainda tinha o "e os abóboras selvagens" no nome do grupo") que ilustra bem como estão estes meus dias. 




quarta-feira, 25 de abril de 2018

Doces recordações

A data de hoje é uma data muito especial para mim e não me refiro a fatos de 2012, quando também foi um marco na minha vida, mas a acontecimentos do ano passado. Não tenho nem palavras para descrever a magia e intensidade daquele momento, nem para descrever as melhores sensações da minha vida. Alguns dias antes, esta canção de Fábio Junior apareceu (não por acaso) na minha playlist. Ela traduzia perfeitamente minhas angústias, minhas incertezas e insegurança, mas naquele 25 de abril eu entendi ( e até me assustei) com a força deste sentimento. 



terça-feira, 24 de abril de 2018

Quem um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração?

O título desta postagem é um dos versos da canção "Eduardo e Mônica", do repertório da Legião Urbana. Lá na adolescência, quando escutei os famosos acordes pela primeira vez, pensei: essa música parece um filme com melodia. E anos depois, passando rapidamente pelas manchetes dos portais de notícias, encontro a notícia de que a canção realmente vai virar um longa metragem estrelado pelos atores Gabriel Leone e Alice Braga, que interpretam os protagonistas. Depois de Faroeste Caboclo, a Legião volta às telonas com esta película que começa a ser gravada em junho. 

Renato Russo é um dos artistas que mais admiro até hoje. As canções da Legião mantém uma atualidade típica das obras de arte imortais e a voz de Renato (na minha opinião) é uma das mais lindas da música brasileira. Poeta, músico, intérprete. Um dos grandes ídolos da minha geração. Impossível não sentir a música com ele cantando, seja em italiano ou português. Agora é torcer para que o filme consiga nos apresentar a história de Eduardo e Mônica com a mesma singeleza da canção, com a mesma competência da Legião Urbana.

Ah, para encerrar, um detalhe: eu não conhecia a expressão "camelo", utilizada pelos brasilienses para descrever bicicleta, e imaginava o Eduardo chegando ao encontro montado em um animal desértico. Acontece nas melhores famílias (risos).



segunda-feira, 23 de abril de 2018

Andar com fé

O barulho dos fogos de artifício anunciava, ao amanhecer, que hoje é dia de homenagear São Jorge, um dos santos mais populares do Catolicismo. E assim surgiu o tema do texto de hoje: a fé! Não é uma postagem sobre religião, até porque não sigo nenhuma delas, mas sobre a fé "bruta', a crença em uma força maior (chame-a como quiser). Pensei no que escrever sobre a fé em uma semana pré-provas diante da necessidade de concentrar um pouco mais a atenção nos estudos. E então, lembrei que Gilberto Gil já escreveu, em forma de canção, o que eu penso sobre a fé. Em "Andar com fé", há um trecho onde ele diz: "Mesmo a quem não tem fé, a fé costuma acompanhar... pelo sim, pelo não..."

E sendo assim, "andar com fé eu vou". Fé em quê? No que você quiser. No meu caso, "fé na vida, fé no homem, fé no que virá", como dizia Gonzaguinha... A fé é importante sim, e pretendo escrever um pouco mais sobre isso aqui algum dia, em um período de férias talvez. Por enquanto, a canção de Gil (uma das minhas favoritas do repertório dele não somente pela letra mas pela melodia). Optei pelo vídeo do clipe original porque acho bem interessante ver coisas antigas e comparar com os dias atuais. Ainda mais um vídeo da década de 1980, quando o saudoso Michael Jackson revolucionou a linguagem do videoclipe com Thriller... Um gênio! Certamente será tema de textos por aqui também.



domingo, 22 de abril de 2018

Aniversário do Brasil

Um país cuja história começa com um "descobrimento' controverso. Teria sido causalidade ou casualidade a chegada dos portugueses por aqui? Um país onde "em se plantando tudo dá", como dizia a carta de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal, e escolhe plantar corrupção, "jeitinho"... mas também planta Carnaval, festa, futebol, criatividade, alegria. Um país com muitas desigualdades sociais e com graves problemas que são causa e consequência desta desigualdade. No "aniversário" de 518 anos, o Brasil (que nasceu na Bahia, oxente!) precisa ser redescoberto, mas desta vez pelos próprios brasileiros. E não estou falando (somente) de viagens turísticas por este país continental mas redescobrimento da força deste povo que lutou por liberdade na independência, na ditadura e que hoje resiste pacificamente a todas as medidas nefastas propostas e acatadas por representantes que não nos representam. Precisamos aprender a votar naqueles que são como nós, os trabalhadores, os que tem muito mês no final do salário, e deixar que os patrões votem nos patrões. Assim teremos uma casa legislativa refletindo o que somos de verdade. Enquanto este dia não chega, não vou deixar de parabenizar meu país e fazer minha parte para que as futuras gerações encontrem um Brasil melhor. 

sábado, 21 de abril de 2018

No escuro

Ontem foi um dia de fortes chuvas em Salvador. Em 24 horas, choveu o esperado para meio mês de abril. Além dos transtornos de costume (todos terminados em "ento") como alagamento, deslizamento, congestionamento, a chuva trouxe interrupção do fornecimento de energia elétrica. No bairro onde moro, o blecaute começou pouco depois das três horas da tarde. Não demorou muito para que fosse normalizado o fornecimento nas ruas, mas um problema atingiu a subestação do "meu" prédio e as luzes ficaram oscilando por um bom tempo até apagar de vez. Para encurtar a história, a equipe da concessionária de energia demorou a chegar e resolveu o problema (parcialmente) já na madrugada de hoje. As unidades (apartamentos) estão com energia, mas as áreas comuns (elevadores, por exemplo) dependendo do gerador para funcionar. Com isso, temos uma espécie de "racionamento" (pela necessidade de desligar o aparelho em alguns períodos) que atinge também os serviços de telefonia, televisão a cabo e internet em alguns momentos do dia (a central destes equipamentos está na área comum). Como hoje além de sábado é feriado, a situação deve perdurar pelo menos até segunda-feira, quando a administração poderá acionar equipes técnicas particulares para solucionar a parte do problema que é de nossa responsabilidade.

Muito bem, e qual a razão deste blá-blá-blá todo? Contextualizar a situação para fazer os seguintes comentários:

  • A bateria do meu celular me surpreendeu positivamente, consegui acompanhar toda a discussão no grupo do condomínio no WhastsApp e ainda usar aplicativos, a lanterna e a internet até que o sono me vencesse. 
  • Não senti falta da internet de casa em nenhum momento, o celular atendeu completamente as minhas necessidades e expectativas. 
  • Percebi a utilidade de ter frutas em casa sempre. Sem liquidificador e sem forno (ambos elétricos) minhas opções de cardápio ficam reduzidas. E acrescente mais uma dificuldade: não abrir a geladeira para evitar perder a temperatura e tentar conservar os alimentos. 
  • Percebi também que é útil ter fósforos e velas em casa. A lanterna do celular funcionou muito bem para subir as escadas, comer, escovar os dentes, mas não resolveria se eu precisasse usar o fogão (que também é elétrico) ou se a bateria do celular descarregasse. 
  • Quem também me surpreendeu (mais uma vez negativamente) foi o Serviço de Meteorologia. A previsão era de mais chuva até amanhã, mas hoje tivemos um belo dia ensolarado. Algumas nuvens, mas nada como a previsão trouxe. Será que chove amanhã? Previsão do tempo e pesquisas eleitorais na Bahia são sempre motivos de desconfiança, quase sempre erram.
  • Meus vizinhos devem ter quebrado os recordes de mensagens em grupos de WhastApp e de registros de protocolo na Companhia Elétrica. E o síndico certamente já atingiu o Nirvana de tanto exercitar a paciência para responder 20 ou 30 vezes as perguntas dos que não liam as mensagens informativas (muito claras por sinal) e repetiam os mesmos questionamentos. 
  • Subi seis andares de escada até chegar em casa e percebi a importância de ter um bom condicionamento físico e de comprar apartamentos em andares mais baixos. 
  • Achei incrível equilibrar mais as experiências sensoriais da visão com os outros sentidos. Entender como os cegos vêem o mundo pode fazer toda a diferença. 



sexta-feira, 20 de abril de 2018

Badoxa

Eu ainda consumo música de uma forma mais tradicional, digamos assim. Apesar de ser assinante de plataforma streaming, eu não tenho o hábito (ainda) de buscar artistas que não conheço. Não busco, mas eles me encontram assim mesmo. E até com uma certa frequência coisas novas passam a compor minha playlist. A aula de Zumba, por exemplo, é um dos cenários de "captação" de novos artistas para mim. Foi assim com Maluma, foi assim com Badoxa. Português, Edigar Silva Correia adota por nome artístico um apelido que significa "gordinho".  

Três canções de Badoxa na sequência. A primeira é "Demônio da Tarraxinha" (tarraxinha é um ritmo musical mais comum no continente africano), a segunda é Morê Morê (minha preferida) e a terceira é "Tu és tão linda", com pegada mais de balada romântica. 






quinta-feira, 19 de abril de 2018

Dia do Índio

Dia do Índio é mais mais ou menos como o Dia da Mulher: o número de motivos para comemorar é muito menor do que o número de batalhas que ainda precisam ser vencidas. Uma população praticamente dizimada por interesses mercantis que ainda persistem. Em nome do "progresso", o dinheiro ameaça reservas indígenas e, consequentemente, as pessoas que nelas vivem. Parece estranho a você utilizar a palavra pessoa para se referir aos seres humanos que extraem da natureza apenas o essencial para o próprio sustento? Para alguns parece estranho. Estranho, injusto, inaceitável. Então, eles levantam a bandeira do fim das políticas afirmativas (reparadores), da meritocracia, dos estereótipos que se perpetuam de geração em geração com coisas do tipo cocar de cartolina nas cabeças das crianças em idade pré-escolar. E estas bandeiras se transformam em projetos de governo de candidaturas que estão conquistando cada vez mais popularidade. 

Dia do Índio e a única matéria que encontro em grandes portais de notícias é a narrativa épica de uma menina da aldeia que ingressou em uma faculdade de Direito e "sonha em ser juíza". Ela sonha, ela não planeja, diz a manchete. Não tive como ler a notícia de imediato e quando voltei ao portal para procurá-la, simplesmente não estava mais na primeira página. Substituída por assuntos mais atuais e/ou relevantes, como a foto de biquíni que a famosa postou no Instagram. Talvez até tenha sido melhor não ler a matéria, a decepção com o título podia ser agravada em uma escala sem limites. Os índios muitas vezes são privados de direitos fundamentais, uma triste realidade. Não acho que o teclado do jornalista vai mudar o mundo mas insisto na questão da responsabilidade social da notícia. Para encerrar, um desejo: dias melhores para nossos irmãos!

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Estrada do amor

Hoje foi dia de pegar a estrada novamente. Depois da minha estreia em rodovias (contei aqui), foi bem mais fácil - embora estivesse chovendo. Conhecer o caminho ajuda bastante, sem dúvidas. Já não tive a sensação maravilhosa de vencer o medo que a primeira vez me proporcionou, mas outras boas experiências vieram. O olhar, por exemplo, já não era o olhar de curiosidade, surpresa ou qualquer outro sentimento de quem vê pela primeira vez, mas  um olhar de quem percebe detalhes. 

E claro que não podiam faltar as metáforas! A minha experiência com a estrada do amor foi parecida e diferente ao mesmo tempo com a estrada que me levou à região metropolitana de Salvador. Na estrada do amor foi diferente porque na primeira vez que meus olhos lhe viram eles não tinham a curiosidade, o medo do desconhecido, mas o encantamento de quem encontra o que estava buscando há muito tempo. Eu senti você com os outros sentidos mais do que com a visão. 

E foi parecido nas vezes seguintes porque fui percebendo mais os detalhes e não somente em você, mas em mim. Em você eu percebi detalhes do seu corpo, de suas expressões, do seu jeito de andar, de falar, de sorrir, de me tocar, de me beijar, de me sentir...  Em mim percebi como meu sorriso é mais iluminado quando você está perto, como meu olhar tem um brilho mais intenso quando cruza o seu. Quero levar você na carona nesta viagem do amor, não somente nas lembranças. Vem comigo?


terça-feira, 17 de abril de 2018

Os sete pecados capitais - episódio 1

Fiquei com inveja da Netflix e quis fazer uma série também... de textos, claro!. Certo, eu mesma já fiz uma postagem aqui sobre a diferença de inveja e cobiça e mais uma vez não é inveja (da Netflix), mas se eu mudar para cobiça perde o sentido... Então, vamos lá. A série de textos será sobre os pecados capitais, mas obviamente não será em uma vertente religiosa, será do meu jeito. O "modo Conça" de ver e viver a vida ou seja, como os pecados capitais se manifestam em mim, como eu lido com eles. E, ao contrário do que tudo indica, não vou começar com a inveja e sim com a preguiça.  Será preguiça de começar pela inveja???? (não podia dispensar o trocadilho). 

Não farei os sete textos em dias seguidos, porque posso querer ou precisar escrever sobre outra coisa, mas identificarei a série com o número do "episódio". E se eu gostar, penso em outras séries. Prepara-te, Netflix, concorrência chegando! E tendo apresentado as "regras" da série, vamos falar de preguiça. Normalmente este "pecado" é bastante associado ao trabalho e a conceitos como falta de empenho, negligência, desleixo, lentidão. Entretanto, ele pode se apresentar em várias outras situações e ambientes, e ser de origem orgânica ou psíquica. Sem estudar nada sobre o assunto, afirmo que às vezes é difícil identificar onde termina o cansaço e começa a preguiça. Quando o assunto é prática de atividades físicas, por exemplo, sempre me questiono se estou realmente cansada ou se é preguiça.

Quase sempre há cansaço, mas a preguiça é maior. Principalmente nos dias do treino de musculação, de "quem" eu nunca fui muito simpatizante (percebi que posso gostar da musculação, mas isso fica para outra postagem, porque esta aqui é para falar da preguiça). Comecei a analisar minha preguiça em busca de alternativas para utilizá-la  a meu favor e encontrei várias possibilidades. Primeiro, como aliada no processo de emagrecimento. Oi!? Como assim? Isto mesmo! É uma boa estratégia para aqueles dias em que a fome emocional "dá as caras".  Quando a fome é fisiológica, é mais fácil olhar para o alimento e pensar se ele é saudável, se encaixa nas minhas refeições do dia, se é uma exceção que posso fazer de forma controlada e consciente e então decidir se consumo ou não. Mas se a fome é emocional, o que buscamos é um prazer momentâneo, uma ilusão de felicidade, uma recompensa afetiva. Aí entra a importância de aprender a usar a preguiça a seu favor.  

De que forma? Vejamos meus exemplos. A preguiça entra em cena para me lembrar que é melhor não comer mais um pedaço de pizza do que ficar horas na esteira depois tentando corrigir os erros do cardápio. A preguiça entre em cena também quando lembro o trabalho que é para manter uma boa higiene bucal, ou seja, ela aconselha mais ou menos assim "analisa bem, vale a pena encarar a escovação por este alimento?" Isto funciona (e muito!) para neutralizar as ações de um outro pecado capital: a gula! E por fim, uma situação específica do meu momento atual. Três andares de escada separam as salas de aula da cantina da faculdade. Então, encarar essa subida tem que ser realmente por uma boa causa. Possibilidades: comer somente se tiver fome ou levar comida de casa (o que normalmente significa boas opções, saudáveis e em quantidades corretas). .

E uma outra situação onde a preguiça pode ser de grande ajuda: manter a casa arrumada! Se eu não bagunçar e não sujar tanto, terei menos trabalho para arrumar e limpar (olha a preguiça aí gente!). Basicamente, para mim, a preguiça não é uma "amiga" de todas as horas, mas é bom saber que se ela estiver por perto posso usá-la a meu favor (pelo menos tentar colocar em prática toda a teoria que eu mesma desenvolvi). Agora só falta aprender a como não deixar que ela vença sempre quando isso não for conveniente, apropriado, oportuno. Aceito sugestões. 

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Sorria, hoje é dia de dentista!

Além de mim, não conheço mais ninguém que goste de ir ao dentista. Há quem diga que eu gosto porque não tenho cáries (só tive uma até hoje) nem preciso fazer canal ou outro tratamento mais complexo. A estes eu respondo que usei aparelho ortodôntico por um ano e meio e que adorava os dias de "manutenção" para trocar as borrachinhas coloridas que "enfeitavam" meu sorriso. Eram pecinhas e mais pecinhas encaixadas aqui e ali para corrigir questões como apinhamento, oclusão, canino invertido. Portanto, já precisei de tratamentos mais complexos (e esteticamente comprometedores em alguns momentos, como quando usei elásticos semelhantes aos de amarrar dinheiro) e ainda assim eu gostava e gosto das visitas ao dentista. 

Apesar de ter aprendido alguns termos do jargão dos ortodontistas (os que mencionei no parágrafo anterior), em relação aos equipamentos sei apenas o nome do útil e eficiente sugador. Todos os outros para mim são "motorzinhos" e entre eles o que mais gosto é um que parece uma lixa e faz uma leve trepidação nos dentes. Para mim funciona como uma massagem, embora algumas vezes sinta um pouco de cócegas (risos). Claro que há coisas que não gosto nas visitas ao dentista. A principal delas é o hábito que eles têm de fazer perguntas quando você não pode responder porque precisa manter a boca aberta e parada, mas também tem o "look" da "moda paciente" com touca, óculos e avental (horríveis!) e o jato de bicarbonato de sódio (eu odeio sal). 

Hoje foi dia de cuidar da higiene bucal: uma faxina daquelas que deixa a gente quebrado. Neste caso, a dor foi em apenas uma parte do corpo, a mais sensível no humano: o bolso. Levei bronca pela escovação mal feita desde a última visita, mas ele lançou uma espécie de "programa de bonificação". Se na próxima consulta eu estiver com a higiene melhor, terei desconto no valor a pagar. Se estiver igual ou pior a hoje, terei acréscimo no valor. Aceitei a proposta, porque gosto de desafios e porque é um incentivo para que eu faça de vez as pazes com a disciplina. É voltar aos hábitos da época do aparelho e manter uma escovação digna do meu belo e iluminado sorriso. Estes são dois adjetivos que sempre aparecem quando elogiam a forma como sorrio. Não nego nem confirmo. Agradeço. 


domingo, 15 de abril de 2018

A vida pode ser poesia...

Imensidão
Profundidade
Será o mar?
Será saudade?

Saudade é mar
Traz onda que faz rir
Traz onda que faz chorar
O importante é navegar
Porque quem fica ancorado
Tem menos para lembrar

Não sei nadar
Vou me afogar
As águas me levam
A uma terra desconhecida
O que temos aqui? 

Paredes
Caminhos 
Possibilidades
Incertezas
Já passei por aqui antes
Ou será que não?
Será um labirinto?
Será paixão?

Paixão é labirinto
Faz a gente se perder
Faz a gente se encontrar
Onde está a saída?
Não quero ir para lá
É dentro deste labirinto 
Que reconheço meu lugar





sábado, 14 de abril de 2018

Big Brother Brasil

Das duzentas mil edições que o reality show Big Brother já teve no Brasil eu acompanhei duas. A primeira foi a primeira (redundante, mas verdadeiro). Era novidade e eu fiquei curiosa. Comecei vendo todos os dias e no meio do caminho eu já tinha desgostado do programa e via apenas o trechinho que passava antes do futebol, nas quartas-feiras. Acabei vendo o desfecho (acho que  ainda podíamos chamar assim). Começou mais um BBB, e mais outro, e outro mais. 

E chegou a sétima edição. Nesta, a coisa já estava mais dramatúrgica, digamos assim, e eu acompanhei a "novelinha" do triângulo amoroso protagonizado por Diego (o alemão) e a construção do personagem como o mocinho que ia enfrentar a gangue do mal capitaneada por um dos vários caubóis que passaram pelo Big Brother Brasil (não lembro o nome dele e nem pesquisei). Depois do último capítulo (acho que podemos chamar assim aqui), até fiquei empolgada para ver a edição seguinte - mas acabei voltando ao esquema "quarta-feira antes do futebol". E fim. 

Fim da minha audiência, mas não há como ficar 100% off BBB porque há sempre uma notícia aqui e ali. E foi assim que li hoje sobre uma prova de resistência fora de qualquer padrão. Acho que nem o mais criativo dos roteiros pensaria em algo que ultrapassasse 40 horas! Fiquei me perguntando até onde eu iria para ganhar um carro ou para ficar famosa vencendo o programa. Não julgo quem o faz, cada um sabe de seus desejos, vontades, necessidades, motivações e limites. Não cabe a mim nem a ninguém tecer qualquer julgamento. A pergunta que me fiz foi para impulsionar reflexões e autoconhecimento. Pelo carro e pela fama, certamente eu ficaria 40 minutos na prova. Pelo desafio de testar meus limites, qualquer uma hora já seria um orgulho para mim. 

Contudo, os participantes que disputavam o prêmio ficaram mais de 40 horas em situação de exaustão extrema. A produção do programa finalizou a prova e declarou empate entre os dois competidores que ainda estavam na disputa. E então, surgiu para mim um segundo questionamento. Até onde eu submeteria dois seres humanos a algo do tipo pela audiência e interesses comerciais? Até onde eu, como telespectadora, aguentaria ver o sofrimento alheio como entretenimento? Também não trago estas perguntas como julgamento, mas como um convite à reflexão. 

sexta-feira, 13 de abril de 2018

Sorte ou azar?

Sexta-feira 13. Sorte ou azar?  Depende do que vem depois, diz Lair Ribeiro. A frase que nos faz refletir vem de uma fábula. Há algumas versões na internet, mas poucas coisas mudam. Para quem não conhece, eis a história com minhas palavras, de forma breve.

O sonho de um garoto pobre era ter um cavalo. Um dia, ele ganhou um potrinho de presente. Um vizinho, então, disse ao pai do garoto que o menino era de sorte, porque queria um cavalo e ganhou um potrinho. O pai, então, responde "pode ser sorte ou pode ser azar". Um dia, o cavalo foge. O vizinho, então, diz ao pai que o menino é de azar porque ganhou o animal mas este fugiu. O pai, novamente, responde "pode ser sorte ou pode ser azar".  O tempo passa, o garoto cresce, e um dia o potrinho volta com uma manada selvagem. O garoto, agora rapaz, fica com todos eles. E o vizinho comenta com o pai que o filho dele é de sorte. Mais uma vez, o pai responde "pode ser sorte ou pode ser azar". Um belo dia, durante uma cavalgada, o rapaz cai e quebra a perna. Para o vizinho, um azar. E o pai, novamente responde "pode ser sorte ou azar". Dias depois, o povoado declara guerra a um povoado vizinho. Todos os jovens são convocados, menos o que estava com a perna quebrada.

Assim é a vida, tudo pode ser sorte ou azar. Depende do que vem depois. 

quinta-feira, 12 de abril de 2018

Frida Kahlo

E já que ontem ela fez minha cobiça despertar, hoje ela ganha uma postagem somente para ela. Algo muito insignificante diante da grandeza desta mulher que viveu à frente do próprio tempo. Uma das maiores artistas de todos os tempos na América Latina e grande orgulho para os mexicanos. Frida Kahlo é um expoente do feminismo e da pintura. Acometida de poliomielite na infância, Frida sofreu um acidente de ônibus posteriormente que resultou em mais de trinta intervenções cirúrgicas. Os dois episódios deixaram sequelas físicas e emocionais para a artista mexicana. 

Considerada representante do movimento surrealista, Frida nunca se identificou como tal e dizia que pintava a própria realidade. Além do trabalho artístico e dos episódios marcantes da vida pessoal - o conturbado casamento com Diego Rivera, os abortamentos sofridos e o amputamento da perna também entram na lista - Frida ficou conhecida também pelas frases deixadas em um diário e pelo estilo de vestuário (com muitas cores, flores e modelos vanguardistas que em parte tinham a função de ocultar os coletes ortopédicos obrigatórios após o acidente). 

Entre as frases de Frida, há uma que diz tudo o que eu lhe diria se você estivesse aqui comigo agora. "Se eu pudesse lhe dar alguma coisa na vida, eu lhe daria a capacidade de ver a si mesmo através dos meus olhos. Só então você perceberia como é especial para mim". 

quarta-feira, 11 de abril de 2018

O tema era inveja até eu descobrir que não era inveja

Explicando o título... a ideia inicial era escrever sobre inveja fazendo uma confissão sobre um sentimento que me dominou por algumas horas hoje. Decidi começar com uma definição para o sentimento e descobri que não foi inveja o que senti, foi cobiça. Sim, há uma diferença entre os termos e não, não observamos isso e colocamos tudo na conta da inveja. Quando é inveja? Quando traz ódio ou raiva por algo que outra pessoa possui e nós não, e queremos destruir esse "algo". E quando é cobiça? Quando querermos o algo para nós, mas sem a intenção de destruir. E eu não queria destruir a bonequinha, só queria ela enfeitando minha humilde residência cheia de significado...

Devidamente explicadas as diferenças entre os sentimentos, um breve relato sobre a situação. Uma professora exibiu para a turma o presente que acabara de ganhar: uma boneca artesanal que representava a artista mexicana Frida Kahlo. Pronto, bastou para a cobiça se apresentar em mim. A vontade era pegar a bonequinha, gritar "é minha" e sair correndo, mas foi uma ação que ficou somente em pensamento e não foi porque eu não gosto de correr. É que existe uma moça sensata chamada ética que freia algumas das nossas atitudes e deixa tudo ali no pensamento, apenas. Medo da repressão? Talvez. Neste caso foi apenas lembrar de não fazer ao outro o que não gostaria que fizessem com você. Uma contribuição da filosofia de Kant (de quem eu tive muito ranço outrora).

Uma coisa boba, do cotidiano, sendo objeto de reflexões por aqui. Pensemos sobre elas. 
  1. Será uma mera questão linguística a confusão que fazemos entre inveja e cobiça?
  2. Por que sempre nos colocamos na posição de vítimas quando o assunto é inveja? Somos sempre os invejados? Por que temos dificuldade de assumir que somos capazes de ter este sentimento de forma pontual ou contínua?
  3. Diante de uma coisa tão negativa a ponto de não assumirmos que sentimos, será que existe possibilidade de haver uma inveja boa?
A propósito, assumi minha cobiça praticamente publicamente e perguntei a professora se a embalagem tinha o nome da loja. Tinha nome e endereço. Não é um bairro que eu costumo frequentar, mas já que estou em uma fase de novas descobertas, por que não descobrir novas lojas?

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Exagerada!

O site da livraria faz uma promoção no "Dia da Mulher" e vende livros para o público feminino com 50% de desconto, mediante cadastro prévio. A pessoa se empolga, mesmo sabendo que tem mais de 100 livros sem ler em casa e começa a ir clicando em todos os livros que parecem interessantes (preciso dizer que é de mim que estou falando?). O carrinho virtual enche, enche mais um pouco, superlota, transborda! Pega mais um carrinho!  Mais de 100 produtos!!!! Precisamente 138 livros. O que é isso, criatura? Enlouqueceu???? Volta para a realidade imediatamente que você não tem espaço na estante e nem dinheiro para isso! Começa o então o processo de esvaziamento de carrinho virtual. 

Depois de milhares de cliques, compra finalizada. O sol começa a despontar no horizonte. É, tem esse detalhe. Acordei as cinco horas da manhã para fazer as compras porque imaginei que o site poderia ficar lento... Mentira, eu acordo praticamente todos os dias neste horário, até nos finais de semana. Entretanto, o site realmente ficou mais lento com a demanda no horário comercial, conforme relatos de algumas das minhas amigas. Sei que não falei a quantidade de livros comprados - foi opção mesmo não divulgar, mas asseguro que pelo menos 100 destes produtos não vieram para minha casa. 

A encomenda chegou no sábado. Uma caixa grande e pesada o suficiente para você abrir mão do empoderamento feminino por cinco minutos e aceitar a ajuda do pessoal da portaria para levar o pacotão até o elevador. A alegria de quem abre a embalagem é a mesma da criança que ganha o que pediu ao Papai Noel no Natal. Tira um livro, mais um e mais um. Epa! Esse aqui veio "repetido"? Sim!!! Dois livros iguais! Corre para a nota fiscal para conferir e.. tchan, tchan,tchan,tchan! Você clicou duas vezes e comprou dois exemplares. Qualquer pessoa normal pensaria: "troca"! O que eu pensei????? Se achou que eu ia dizer outra coisa, errou. Pensei em troca mesmo. 

Aproveitei que tinha um compromisso perto de um grande shopping e fui até uma loja física da livraria para solicitar a troca do produto. A atendente fez o vale troca com uma cara incrédula de quem nunca vira alguém comprar tantos livros ao mesmo tempo e me disse "pronto, é só levar os livros que a senhora escolher no caixa e pagar a diferença". Oi!? Como assim, "os livros"? O valor não era tão grande, seria um pelo outro, oras! Aproximadamente 20 minutos depois eu estava no caixa com dois livros (1x0 para a atendente). Prometi a mim mesma que só volto a comprar livros quando conseguir ler pelo menos a metade dos que me aguardam. 


domingo, 8 de abril de 2018

Quando uma animação tem muito a ensinar

Nunca fui fanática pela sétima arte, sempre preferi os livros como entretenimento. Contudo, as animações são as animações. Elas me encantam desde sempre. E a postagem de hoje é sobre uma animação: "Divertida mente", ou "Inside Out" (título original que significa algo como "do avesso").  O longa é de 2015, sucesso de público e crítica e foi vencedor do Oscar na categoria melhor animação (às vezes Hollywood acerta nas premiações).  Uma produção conjunta dos estúdios Disney e Pixar, que mostram o funcionamento do cérebro de uma garota de 11 anos que muda de cidade com os pais, nos Estados Unidos, e precisa enfrentar uma série de mudanças. 

Esta semana o filme surgiu como exemplo em uma das aulas da faculdade. E eu percebi que não tinha visto ainda. É aquela história de organizar melhor o tempo e dedicá-lo a coisas mais produtivas mas também não posso esquecer de que as coisas acontecem no tempo certo. E era hoje o dia, a hora exata, o momento. Acordei com um gesto intuitivo de procurar o filme na internet (ainda na cama) e assim o fiz. Então, comecei o dia aprendendo muitas coisas. Muitas mesmo. A ponto de ficar difícil até de explicar. Com base em conhecimentos científicos, o filme me trouxe lições preciosas. Aprendi  que nossas memórias são associadas a emoções e que todos os sentimentos são necessários. 

Sobre isso, de todos os sentimentos serem necessários, acontecimentos recentes e pessoas que entraram na minha vida me mostraram, sem nenhum embasamento científico, que não é errado sentir raiva, sentir medo. Não é fraqueza ter momentos de tristeza. O segredo de tudo é o equilíbrio, cada sentimento tem o seu momento, e eles se completam. Nenhum deve predominar. Todos são responsáveis pelo nosso desenvolvimento. Eu me vi muito na personagem "Alegria", querendo o tempo todo sufocar a tristeza até perceber que ela pode fazer muito bem. Aprendizado libertador!



sábado, 7 de abril de 2018

7 de abril

Sete de abril, dia do jornalista. Em 2018, mais do que comemorações a data pede reflexões sobre o papel social da imprensa em um período de tanta importância para a história do Brasil. Qual o jornalismo que temos? Qual o jornalismo que queremos? Jornalista de formação, já escrevi algumas vezes por aqui sobre as minhas frustrações e preocupações com o rumo da prosa e da pauta. Data apropriada para falar sobre ética, compromisso e verdade. 

Sete de abril, data histórica em 1831. Neste dia, terminava o primeiro império com a renúncia de D.Pedro I ao trono em favor do filho, que tinha somente cinco aninhos de idade. Começava o período regencial enquanto o príncipe crescia e se preparava para ser monarca do Brasil por quase meio século. Sete de abril, data histórica em 2018. Neste dia, o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva é preso após sentença judicial que o condena por corrupção. Prisão questionada pela imprensa, que hoje comemora o dia do jornalista. Epa! Era a imprensa internacional que abordava o assunto de forma jornalística, sem partidarismo, sem torcidas organizadas. Independente da ideologia política, todos deveriam estar indignados e protestando contra esta prisão. Um processo de provas contestáveis e que ainda não está transitado em julgado (ou seja, tem possibilidades de recursos). Uma privação de liberdade derivada de um julgamento político que tem como único objetivo impedir a candidatura/eleição do ex-presidente. Uma ameaça à democracia com o aval do judiciário. Mais um capítulo vergonhoso na nossa trajetória como nação. 

Sete de abril, dia mundial da saúde. Tive a oportunidade de participar de um evento maravilhoso que apresentou um pouco de teoria e prática sobre práticas corporais integrativas em evidência para comemorar a semana da atividade física. A abordagem trouxe a dança circular, a Yoga e o Qi Gong chinês. A ideia de que a alma está dentro de um corpo e que este somatiza as emoções (consolidadas em formas de sentimento) e que a medicação trata os sintomas mas não as causas das doenças começa a fazer cada vez mais sentido para mim. As práticas integrativas me ensinaram que somos parte de um todo maior e que tudo precisa de equilíbrio. Esta é uma palavra chave para a vida. 

sexta-feira, 6 de abril de 2018

Que país é esse?

Depois de atualizar o blog porque estava devendo uns textos por aqui (definitivamente não é nada fácil manter postagens diárias), vamos de música para encerrar este dia. Minha cama me chama para momentos de muito aconchego até que os primeiros raios de sol venham me despertar com beijos (literalmente) quentes. Escolhi uma canção que foi escrita em 1978 (na época em que Renato Russo ainda integrava a banda Aborto Elétrico) e lançada em 1987 no álbum homônimo da Legião Urbana ( o terceiro deles). A razão da escolha? Há quarenta anos buscamos a resposta para a pergunta título da canção: que país é esse?


Em tempo: para mim Renato Russo é uma das vozes masculinas mais lindas e tocantes da música brasileira. Além dele, gosto dos timbres de Jerry Adriani, Fábio Júnior, Alexandre Pires, Paulo Ricardo, Samuel Rosa e Emílio Santiago. 

quinta-feira, 5 de abril de 2018

A futebolização da política

Ainda não me acostumei com a "futebolização" da política. Às vésperas do dia do jornalista volto a me questionar sobre o papel da imprensa, da função social do jornalismo. Muitas das coberturas do julgamento do pedido de habeas corpus do ex-presidente Lula no Supremo Tribunal Federal foram realizadas no estilo "lance a lance" do futebol, e atualizavam os internautas sobre os principais "lances" e "jogadas" da partida disputada na Corte, quer dizer, do julgamento. Ao final de cada voto, eu esperava que aparecesse na tela o "goool" e o replay da bola nos fundos da rede, ou melhor, do voto contrário ou favorável ao que estava em disputa (a liberdade de um condenado sem provas).

Será que o número de ministros do Supremo (onze, o mesmo número de jogadores de um time de futebol) exerceu algum poder subliminar sobre a imprensa? Fato é que o placar foi apertado (6x5), mas a derrota da democracia foi referendada pela arbitragem. A decisão não é desfavorável à Lula, é desfavorável ao país. Quando se tem uma das ministras dizendo que em julgamento "genérico" para ser aplicado a qualquer cidadão do país ela votaria a favor, mas que no caso em questão votaria contra, os laços metafóricos com o futebol ficam ainda mais fortes pela inevitável associação com os "cartolas". Sem esquecer também que os manifestantes que foram as ruas pedir o fim da corrupção vestiam as camisas da Confederação Brasileira de Futebol (que coleciona denúncias de corrupção contra si). Nunca foi sobre corrupção, não se engane. 

Ainda que o futebol seja uma paixão nacional, colegas jornalistas, esperava uma cobertura diferente.  E não estou falando para fazer uma cobertura novelesca como acontece muitas vezes na editoria de política (como nos casos de Isabela Nardoni, que seguiu a linha dramatúrgica de um produto televisivo muito popular no país). Não parece "estranho" que o jornalismo esportivo tenha um aprofundamento maior do que o político, muitas vezes? Cadê as estatísticas, as histórias, as análises imparciais na medida da parcialidade humana para falar de política? Fica a pergunta no ar. 

quarta-feira, 4 de abril de 2018

Arte, dança, balé. Tudo junto e misturado

Hoje foi dia de uma atividade acadêmica diferente. Acompanhar a apresentação do Balé do Teatro Castro Alves em uma apresentação denominada "Urbis in Motus". A proposta é trazer por meio da dança uma discussão sobre a expressão, o lugar de fala de alguns seres humanos "invisíveis" para a sociedade, que os chama de minorias. E que os agride, oprime, violenta, massacra. Fisicamente, moralmente, emocionalmente: mulheres, negros e os chamados LGBT.

Claro que não tenho propriedade para uma análise mais apurada tecnicamente ou artisticamente. Meu olhar é o olhar leigo de uma publicitária jornalista que estuda Psicologia. Não sei se foi a proposta inicial do espetáculo ou se o desenvolvimento do projeto apontou para uma necessidade de trazer um telão com elementos audiovisuais funcionando de suporte para o entendimento. Talvez eu tenha criado expectativas demais, porque isto de certa forma me trouxe um pouco de desapontamento. Dica da postagem de hoje: sua decepção (quando acontece) é do tamanho das suas expectativas. 

E a lição do dia: enquanto futura profissional de Psicologia, não posso nunca esquecer que o meu "objeto" de trabalho é a mente humana e que ela está abrigada em um corpo que existe individualmente e em sociedade. E este corpo fala, e se posiciona politicamente. 

terça-feira, 3 de abril de 2018

O óleo de Lorenzo

Uma experiência marcante: assistir ao filme "O óleo de Lorenzo". Baseado em fatos reais, o filme  conta a história da família Odone a partir do momento em que eles recebem o diagnóstico de adrenoleucodistrofia (ALD) para o pequeno Lorenzo, único filho do casal. A doença neurológica é genética e está ligada ao cromossomo X, o que significa que passa de mãe para filho (normalmente acomete as crianças do gênero masculino). A ALD destrói a bainha de mielina, estrutura dos neurônios, interferindo nos impulsos nervosos. Assim, causa danos cerebrais que aos poucos vão comprometendo as funções motoras e sensoriais dos pacientes. 

Os pais de Lorenzo, Augusto e Michaela, não aceitam a sentença de morte dada ao filho e se lançam em uma busca desesperada por um tratamento, chegando a estudar artigos, tratados e teses das áreas médica e química sempre travando uma batalha com o mais implacável dos adversários: o tempo. Os estudos dos Odone levam ao desenvolvimento de um óleo que, quando administrado ao paciente em diagnósticos precoces, reduz fortemente o desenvolvimento da doença. Os Odone também foram uns dos pioneiros no angariamento de recursos para as pesquisas que objetivam desenvolver a mielina, o que pode significar a cura para a ALD e outras doenças, como a esclerose múltipla. 

O filme traz uma visão crítica sobre a ciência, questionando, principalmente, dois aspectos. O primeiro está relacionado aos excessos que o rigor científico exige (protocolos, quantidade de testes em cobaias etc) e as implicações disto em relação à vida dos pacientes pelo tempo decorrido até a produção de medicamentos/desenvolvimento de tratamentos. O segundo, mostrando os interesses comerciais das grandes indústrias farmacêuticas. E posso acrescentar  mais um ponto, a boa e velha polêmica sobre a validade do conhecimento advindo do senso comum. A descoberta de Augusto Odone lhe rendeu um prêmio Nobel sem que ele nunca tivesse colocado os pés em um laboratório ou faculdade da área das ciências biológicas e naturais. 

Outro fator abordado em "O óleo de Lorenzo" é o cuidado/tratamento médico e a necessidade deste ser mais humanizado e não apenas técnico. Michaela, a mãe do garoto, demite duas enfermeiras e acaba contando com o apoio de um jovem africano sem formação na área de saúde para cuidar do filho. O rapaz tornou-se amigo da família, principalmente de Lorenzo, quando os Odone moraram alguns anos na África. O filme é de 1992 e recebeu duas indicações ao Oscar: melhor roteiro original e melhor atriz dramática (Susan Sarandon, que interpreta Michaela Odone).  Não faturou as estatuetas, mas nem por isto deixa de ter qualidade. 

Fiquei curiosa para saber o que aconteceu com os Odoni após 1992. No ano 2000, morre Michaela, vítima de câncer de pulmão. Em 2008, é a vez de Lorenzo se despedir da vida, um dia após completar 30 anos de idade. A causa morte foi uma pneumonia e não a ALD. E Lorenzo viveu muito mais do que os dois anos previstos pela Medicina quando a doença foi diagnosticada. E a família Odoni encerra o ciclo na Terra com a morte de Augusto, em 2013, aos 80 anos. A ALD ainda não tem cura, mas pelo que pude apurar o óleo de Lorenzo continua ajudando a muitos pacientes a terem mais qualidade de vida. E as pesquisas com a mielina seguem sendo realizadas. 

segunda-feira, 2 de abril de 2018

O quanto o sofrimento do outro lhe afeta?

Na semana passada, Salvador e Região Metropolitana registraram mais episódios da violência urbana que vitimiza tantas pessoas diariamente. Um caso especial, ceifou a vida de um policial, de um empresário e de um homem que roubava as cabines e os passageiros de uma praça de pedágio, acompanhado de outros. São vidas humanas que tão logo o noticiário encontre outro assunto para falar passarão a fazer parte das estatísticas para a maioria da população, mas não para as famílias que perderam entes queridos. Claro, quem sabe sua dor é que geme, como diz a sabedoria popular. 

O caso me tocou bastante e sempre é assim, mas desta vez há um motivo especial. Alguém muito especial para mim foi afetado de alguma forma pelo acontecimento, por uma perda. A dor dele me angustia. Consigo imaginar algumas das razões que fazem o coração dele sofrer e não tenho como ficar imune a isso. O sofrimento do outro me afeta bastante, ainda mais quando este outro tem para mim a importância que este alguém tem. E por que estou trazendo este assunto agora? Porque até pouco tempo o sofrimento alheio me afetava além dos limites "normais", digamos assim. 

Sentia-me responsável, angustiada, inquieta, triste, impotente por não resolver problemas que nem eram meus, mas as dores passavam a ser minhas. Meu ex-marido, olhando de fora, identificou esta característica em mim, a qual ele denominou "excesso de bondade" do meu coração. Somente meses depois, com o auxílio da terapia, acredito que encontrei um ponto de equilíbrio porque tentar fazer completamente o oposto e ser totalmente indiferente também não era a solução. Acredito que nem para mim nem para ninguém. Perder a sensibilidade é perder a essência humana. Que não seja este nosso caminho. 

domingo, 1 de abril de 2018

Hoje sim, futebol!

Muitos esperavam que o novo encontro entre Bahia e Vitória pelas finais do campeonato baiano fosse repetir o episódio lamentável do primeiro clássico, mas felizmente o que vimos foi a prevalência do esporte. Não foi daquelas partidas memoráveis que pautam as conversas das torcidas e da imprensa esportiva por semanas e semanas, mas se faltou técnica sobrou vontade. O espetáculo ficou, mais uma vez, a cargo da torcida inigualável do Bahia, aquela mesma, a turma tricolor que ninguém vence em vibração. Ambas as equipes mostraram bastantes falhas, que preocupam para a sequência de competições nacionais que disputarão ao longo do ano. 

Se algo não for feito, a tendência é que a alegria dos tricolores seja o tropeço dos rubro-negros e vice-versa. O futebol baiano revela muitos talentos mas ainda está longe de apresentar uma administração profissional que traga resultados dentro e fora de campo. Enquanto assim for, iniciaremos as competições nacionais com a singela meta de nos mantermos na elite do futebol brasileiro. Pouco para um Estado que tem o primeiro campeão brasileiro (Bahia) simplesmente conquistando o título em cima do Santos de Pelé, equipe que fez história em solo verde e amarelo. Pouco para um Estado que tem um clube com uma das melhores divisões de base (Vitória) do país. 

A esperança de mudança está nas recentes democratizações das gestões com a eleição direta para presidente. O Bahia foi pioneiro (o Vitória é o segundo em tudo, hehehehe) e o primeiro presidente democraticamente eleito trouxe avanços na área administrativa, sobretudo na gestão orçamentária. Entretanto, ainda é muito incipiente. Falta principalmente uma atitude mais profissional e menos torcedora em alguns momentos. Unir-se para lutar por interesses comuns, por exemplo. As brincadeiras e rivalidade devem ficar nas arquibancadas, de forma sadia. Dentro de campo, esporte, competência e profissionalismo. É o mínimo que se espera. 

E que venha o próximo domingo, com o segundo e decisivo jogo das finais do campeonato estadual. O Bahia entra em campo com a vantagem de jogar pelo empate, por ter vencido a disputa de hoje por 2x1 em mais uma partida de torcida única. Mais de 30 mil pagantes no estádio, uma quebra de recorde de público no campeonato e em clássicos desde que a nova Fonte Nova (agora Arena) foi reinaugurada há cinco anos. 

Vamos torcer pelos nossos times, torcer por uma partida disputada na bola, dentro de campo, com o espirito esportivo prevalecendo como hoje. Vamos torcer por uma partida inesquecível, com boas jogadas, dribles, toques rápidos, defesas impossíveis sendo realizadas, coração na boca com as bolas que batem no travessão e não entram. Vamos torcer por um espetáculo também nas arquibancadas. novamente com torcida única. E que o título fique com quem mais lutar por ele. Sou tricolor sim, e espero que o meu time entre em campo disposto a honrar o manto sagrado de tantas histórias e triunfos. E que seja o reencontro com as glórias para que possamos não apenas sonhar mas ter chances reais de voar mais longe como merecemos.