Minhas pesquisas para uma avaliação na faculdade (sobre o tema aborto) me levaram a conhecer o site Somos Todas Clandestinas. Conheci alguns vídeos no Youtube também, muitos baseados nos relatos publicados no site que mencionei. Sempre tive uma postura favorável ao aborto, desde a adolescência e não acho que a legalização vai proporcionar abortamento em massa. Não foi assim em nenhum país (certo, eu sei que no Brasil tudo é diferente) porque não é uma decisão simples como "o que devo fazer para o jantar?". A legalização evitaria a morte de muitas mulheres por ano, porque, não vamos nos enganar, o aborto é uma realidade. As mulheres que abortam estão aí, do seu lado.
Eu nunca estive grávida, nunca fiz aborto, mas consigo entender os dramas psicológicos de quem pensa e/ou adota esta prática. Quando se pesquisa um pouco para conhecer os métodos mecânicos de interrupção de gravidez e percebemos o quão invasivos eles são, sabemos que não é uma decisão simples. E como se não bastasse toda a dúvida, medo, culpa, solidão (são os sentimentos mais comuns), a mulher que aborta muitas vezes precisa enfrentar o julgamento e maus tratos da equipe médica que deveria acolhê-la quando há alguma complicação e ela precisa ser hospitalizada. Isto, eu acho, foi o que mais me chocou nos relatos em texto e vídeo. Quem sou eu para obrigar uma mulher a prosseguir com uma gravidez indesejada que pode trazer inúmeros problemas (de toda ordem)?
O aborto é um tema complexo e controverso demais para se esgotar em poucas linhas. Poderia escrever horas sobre isso (quem sabe em um artigo científico, TCC ou algo assim?), mas não acho que seja o momento nem o local apropriado. Deixo apenas o registro de minha singela opinião e um pedido: não julgue! Você pode até não concordar e não querer isso para a sua própria vida, mas não acho que seja difícil entender o ponto de vista do outro. A mulher que interrompe a gravidez não precisa de ironia, não precisa ser amaldiçoada, não precisa ser apontada, humilhada, constrangida. Ela precisa de apoio, de carinho, de compreensão, de humanidade.