terça-feira, 21 de novembro de 2017

Primeiras reflexões na nova idade

Há quase uma semana estou de idade nova. Fazer aniversário é fechar um ciclo e começar outro, pelo que dizem. Mais uma primavera, de fato, já que estamos na estação mais perfumada do ano. A mais romântica, talvez? Adoro flores e as admiro desde a minha tenra idade. Vários ciclos depois isso não mudou. Desde que comprei minha primeira câmera fotográfica, aos dezesseis anos, tive a ideia de fazer um ensaio fotográfico com as flores que enfeitam a cidade nesta época do ano. Já tinha até o nome do ensaio: flores urbanas. Todos os anos, eu planejava os cliques em parques, canteiros, jardins, varandas, seja lá onde fosse que tivesse uma flor. De qualquer tamanho, de qualquer espécie, de qualquer cor. 

Eu pensava em fazer uma exposição das fotos, não para chamar a atenção sobre o meu (suposto) talento para a fotografia, mas para chamar a atenção das pessoas para a beleza singela das flores que vivem na cidade. Certo, confesso que também pensava em inscrever a mais linda das fotos em concursos e ganhar prêmios de fotografia, mas permito-me cinco minutos de vaidade intelectual. O fato é que os anos foram passando e nada fiz. A cada primavera, uma desculpa diferente, um esquecimento, um obstáculo qualquer e zero cliques.

Então, veio 2017. Um ano mágico, especial, diferente, divisor de águas, revolucionário, inesquecível. Ele guarda algumas coincidências com 2010, outro ano que merece esses adjetivos na minha existência. Entretanto, 2017 foi muito mais intenso. Quando 2010 começou eu estava vestindo rosa e branco e tinha uma sensação de que seria um ano importante para mim. E foi. De muito crescimento, de muito aprendizado, de muitas transformações. Pode pegar tudo que escrevi sobre 2010 e mudar o ano para 2017 porque é exatamente igual. Com mais intensidade, como eu falei, mas igual em conceito, em essência. 

Não poderia ser em outro ano a realização do ensaio fotográfico. E desta vez, sem planejamento. Apenas foi. Bem no estilo Glauber Rocha, "uma câmera na mão e uma ideia na cabeça". Quando vi, já tinha cinco ou seis fotos publicadas no Instagram (digamos que modernizei a exposição, e o nome ficou "primavera urbana", a hashtag que usei). O celular facilita as coisas, ainda mais quando se tem uma câmera tão boa quanto a do meu. 

E o que fica de tudo isso? Eu vejo várias lições. Primeiro que aniversário pode ser um encerramento de ciclo, mas eles estão aí começando e terminando o tempo todo, afinal, são ciclos. Fechá-los é fundamental, principalmente quando envolvem coisas que nos impedem de seguir adiante. Segundo é que por mais que eu acredite que tudo tem seu momento certo para acontecer, é preciso vencer os "bichinhos" da procrastinação, da preguiça e do medo de errar. Eram eles, o tempo todo ali a me sabotar para a não realização do ensaio fotográfico.

Outra lição que vejo vem da natureza. Uma metáfora, porque ela não tinha aparecido ainda neste texto. No meio de muito concreto, poluição e pressa, a natureza continua trazendo as cores, a alegria, a vida. E faz isso mesmo que ninguém esteja olhando, porque é da essência dela ser assim. Precisamos nos inspirar neste exemplo e resistir à falta de amor e de empatia que se alastra rapidamente entre a humanidade. A maioria de nós é bom sim e podemos mudar a realidade em que vivemos como as flores resistem ao progresso e perfumam nossos dias.

E um texto que começou falando de aniversário, tem que terminar falando de aniversário (certo, não é regra, mas eu quero assim). Em tempos de redes sociais e de comunicadores instantâneos, ligação é prova de amor, como um diz um "meme" que circula por aí. Foram muitas mensagens neste aniversário e, decididamente, amei e amo esse carinho. Recebi alguns amigos e foi uma tarde super agradável, para usar o termo da moda: plena. Assim também eu me senti e por mais que tudo tenha contribuído para que este dia tenha sido especial, um detalhe fez a diferença. Entre as felicitações, uma veio em forma de ligação. E justamente a mais especial de todas porque era a mais esperada, a mais desejada. A felicitação que me trouxe a certeza de que sou importante para quem ligou. 

O capitalismo nos ensina que as palavras que valem são as que estão escritas, porque as faladas o vento leva. Será mesmo? Sendo assim, as palavras que vieram em redes sociais ou comunicadores instantâneos são mais importantes, melhores ou mais valiosas do que as acompanharam um abraço ou as ditas por telefone? Não, eu não penso assim. As palavras importantes são aquelas que carregam sentimentos. Nesta ligação eram dois corações conversando, e quando é assim palavras nem são necessárias. 

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Borboletas no estômago

Este texto eu publiquei no Facebook no dia 21 de janeiro deste ano. Começava a minha fase inspirada e há uma razão especial para isso. Algo que eu descrevi como borboletas no estômago... Há muitas coisas nas entrelinhas dessa publicação que talvez só eu tenha entendido...  Escrever é uma forma de "organizar" meus sentimentos. É como se eu conseguisse vê-los no papel e entendê-los melhor. Aqui, o objetivo era compreender (e até aceitar) como as borboletas no estômago apareceram de forma tão precoce e tão intensa. Muitas perguntas, algumas respostas.  


A conversa era sobre tatuagem. Meu argumento, o de sempre. Só faria uma tatuagem quando encontrasse alguma coisa que eu quisesse ter gravada na pele para todo o sempre (eu sei que hoje já podemos "desfazer" a tatuagem, mas o caráter definitivo ainda é a ideia inicial).
E então, a resposta veio para mim em um sonho: borboleta! Sonhei que eu tinha uma tatuagem. Uma bela borboleta azul e lilás, minhas cores prediletas.
Não decidi ainda se farei a tatuagem, mas se algum dia fizer, certamente será como a do meu sonho.
Sim, acho que nada me representaria tão bem. Amo as borboletas como amo as metáforas. Amo as borboletas no estômago (ah, como elas nos fazem nos sentir humanos quando assim estão...)
Amo as borboletas na natureza, em um poético voo ao entardecer. Amo as cores, as formas, a leveza, a metamorfose.
Não há como não me identificar com as borboletas. De tempos em tempos, entro no meu casulo para me transformar. Saio cada vez mais bela, e não estou falando da minha aparência.
É, não haveria uma representação mais verdadeira. Ainda mais agora, que estou saindo do casulo uma vez mais. E que maravilhosa a sensação de voar renovada...

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Explicações iniciais

Se "em vinte minutos tudo pode mudar", como diz o famoso slogan, imagine em quatro anos. Este é o tempo que tenho sem escrever. Neste intervalo tivemos uma Copa do Mundo e uma edição dos Jogos Olímpicos realizados no Brasil. Sim, ninguém quer lembrar o vexatório 7 x 1 na partida contra a Alemanha, então lembremos das medalhas de ouro inéditas no futebol, no atletismo. 

Na política, vimos a reeleição da primeira mulher presidente da República e o impeachment desta mesma presidente pouco tempo depois. Entramos em uma crise sem precedentes. Crise econômica, política, de valores morais e éticos. Ensaiamos um despertar de consciência cidadã e fomos para as ruas dizer que queríamos que o dinheiro fosse para melhorar o transporte (não era somente por 20 centavos) e não para construir estádios que depois se transformariam em "elefantes brancos". Foi somente um ensaio mesmo, porque logo tudo voltou ao normal e a pátria de chuteiras encarou o cenário como uma partida de futebol. O que importa é se "meu time" está ganhando, com ou sem fair play. (Eu adoro futebol. Eu adoro metáforas. Eu adoro juntar as duas coisas). 

Casais se formaram, casais se separaram. Pessoas nasceram, pessoas morreram. Muitas vítimas de violência gratuita pelo simples fato de serem mulheres, ou transgêneros, ou homossexuais, ou por ter uma crença diferente do algoz. Milhões de outras coisas aconteceram e a intenção não é fazer um resumo da nossa história recente. Esta introdução foi apenas para dizer que o mundo mudou e o meu mundo também mudou. E então, aquele atelier ficou muito pequeno para tamanha transformação. 

Muitas coisas me levaram ao hiato de publicações e uma delas era o fato de que eu já não me reconhecia no título do meu blog anterior. Escrever sempre foi uma paixão, um hobby, uma terapia, uma necessidade para mim e eu não estava mais conseguindo, o que me frustrava bastante. Poderia justificar isso de mil formas, mas estaria enganando a mim mesma, a verdade é que eu não estava bem. Quando eu digo que meu mundo mudou muito nestes quatro anos, não estou exagerando. Não há um só aspecto de minha vida que esteja agora como em 2013, talvez só o endereço.

Mais uma metáfora, porque elas me representam. Sobretudo em 2016, meu mundo sofreu um terremoto e tudo começou a desabar na minha cabeça. Quais eram as minhas alternativas? Ficar ali soterrada, esperando um milagre ou tentar me livrar dos escombros e gritar por socorro. Escolhi a segunda opção. O resgate veio de onde eu menos imaginava e por mais gratidão que eu tenha a todos que me apoiaram neste momento eu não posso esquecer de uma pessoa fundamental: eu mesma. A minha vontade de me resgatar foi decisiva. 

Muitas mãos levantaram os pedregulhos para que eu pudesse respirar e quando eu finalmente voltei a ver a luz do dia, reencontrei minha essência. (Re)descobri o meu orgulho pela minha história, pela minha personalidade, pelo meu caráter. E o principal foi aceitar que por mais racional que eu seja é o amor quem rege todas as minhas atitudes (por mais paradoxo que pareça).

Foi neste momento que ele apareceu, como a peça que faltava para o quebra-cabeças. Talvez ele nem tenha noção da importância que foi me ver pelos olhos dele. Foi como me olhar em um espelho que reflete a alma. Eu já não era mais a lagarta, já era a borboleta pronta para voar. 

Os textos, então, voltaram a fluir com a mesma facilidade de antes. Algumas coisas eu postei no Facebook (trarei para cá), outras eu guardei somente para mim. Ficou mais fácil falar de sentimentos, porque (re)aprendi a me entregar de corpo e alma a tudo que me apaixona. Com os textos públicos, chegaram pedidos para que eu escrevesse um livro ou um blog. A decisão mais fácil era retomar meu antigo blog, mas queria um novo, cujo título tivesse mais a minha cara. O Meu Atelier ainda está no ar, há pouco tempo acessei para ler algumas publicações e foi uma sensação muito boa ver como eu pensava, o que eu sentia. Percebi que nele há muito mais memórias e crônicas do que declarações de amor e não é por acaso. 

Pedi sugestões a amigos para o nome do meu novo blog, mas nada me agradava. Até hoje. Acredito que tudo tem sua hora certa para acontecer, tinha que ser hoje, a uma semana do meu aniversário. Mais um ciclo que se inicia, em todos os sentidos. 

Que seja um ciclo de muito aprendizado, amor e luz!