domingo, 13 de janeiro de 2019

Na capital do Espírito Santo...

Com o sol na minha cara e sem enxergar direito o que a câmera do celular estava registrando eu parei para fazer esta foto.  Em seguida, fui caminhando a um shopping próximo para almoçar. Na volta, uma mulher se aproximou de mim e disse:
- Por favor me dê atenção. Eu não roubo e não quero dinheiro. Só quero lhe pedir se puder para pagar alguma comida para mim porque estou com fome. O que você puder, até um pão seco. Meu marido e eu moramos na rua e dia de domingo é bem complicado para nós.
Eu parei para conversar com ela. Aparentava ter 40 anos ou estar próximo disso. Perguntei há quanto tempo ela morava na rua e ela me disse que desde os oito anos de idade. Fugiu de casa por causa do padrasto. Perguntei se ele batia nela e ela respondeu que ele fazia tudo o que eu pudesse imaginar. Eu não quis imaginar. Não precisava.  Depois me disse que isso foi há 21 anos. A expressão envelhecida era de uma mulher de 29 anos apenas!  E ela prosseguiu falando que só sabe o que é família no nome.
Eu comentei que ela deve ter amadurecido muito e que deve ter muita história para contar. Ela me respondeu:
- Eu tinha tudo para ser a pior espécie de gente. A rua ensina muita coisa ruim mas eu quis ser diferente, diferente inclusive dos que não foram legais comigo. Não era para eu valer nada mas eu acho que não tem que ser assim.
Eu dei um dinheiro que estava no bolso a ela e falei que não era muito mas que esperava que ela conseguisse comprar alguma coisa. Ela me respondeu: -  O que você me deu vale muito mais do que esse dinheiro. Você conversou comigo, você me viu como gente.  Deus lhe abençoe. Muito obrigada de verdade.
Eu pedi um abraço e disse a ela que eu que tinha que agradecer pelos rápidos minutos de conversa que me ensinaram tanto. Aprendi a confiar no meu coração mais do que nos meus olhos.

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