terça-feira, 11 de setembro de 2018

11 de setembro

Foi há 17 anos, mas não tem como esquecer aquela manhã de setembro. O tempo apaga alguns detalhes, mas não as sensações. Lembro que, por alguma razão, eu estava em casa e, por alguma outra razão, a televisão estava ligada, mas minha atenção não estava voltada para as imagens exibidas. Olhando de relance, vi um prédio pegando fogo e acreditava ter ouvido algo sobre os Estados Unidos. O cérebro logo deduziu "incêndio nos Estados Unidos, tomara que não haja vítimas".  A cobertura da imprensa continuava, mas creio que era alguma das histórias de Agatha Christie que me fascinava então (acredito que foi nesta época que comecei a me encantar com esta autora e raríssimas coisas eram capazes de distrair minha atenção quando começava a ler algum de seus livros - ainda  hoje é assim, mesmo quando não é primeira leitura!). 

Em um momento de pausa no que eu estava fazendo (seja lá o que fosse) eu voltei os olhos para a televisão e vi a imagem do avião invadindo uma das 'torres gêmeas", em Nova York. Eu já não lembrava do prédio em chamas que havia visto e aquilo me pareceu tão surreal que pensei se tratar de algum trailer de filme. Roteiro criativo - pensei, em fração de segundos. Voltei minha atenção para ver o nome da película, data de estreia e... Era vida real!!!!!! Inacreditável!!!!! Se alguém me contasse, eu duvidaria, mas estava vendo com meus próprios olhos (ainda que pela televisão). 

Naquela manhã de setembro, seres humanos sequestraram aviões com outros seres humanos a bordo e chocaram este mesmo avião contra um par de arranha-céus onde outros seres humanos estavam. Milhares de mortos, milhares de feridos e muita destruição foi o saldo de uma tragédia causada porque seres humanos não viam os semelhantes como tal. E não estou falando dos que sequestraram os aviões, mas dos que deram causa a isso (não justifica, apenas explica) com anos e anos de neoliberalismo predatório. Uma ferida com cicatrizes para ambos os lados. 

Aprendi nas aulas e livros de história que grandes acontecimentos marcam inícios de novas eras. Naquele 11 de setembro eu tive a sensação de que o século XXI estava começando de verdade. Somente daqui a muitos anos chegaremos a um consenso sobre ser o início de uma nova etapa e a nomearemos, mas o fato é que hoje, novamente um 11 de setembro, eu me peguei pensando em toda a onda de violência, intolerância e ódio que o ataque às torres gêmeas começou e/ou agravou. Em um momento em que um candidato com discurso parecido a estes fatores motivacionais do atentado ocupa o primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto para presidente da República no Brasil, meus sentimentos não podem ser outros senão a preocupação e o medo. 

A história já nos mostrou as consequências destes pensamentos nefastos. E não há lados vencedores em uma guerra de ódio. Conhecer os erros do passado é importante para afastar os erros do presente e ter um novo futuro. Por sorte Hitler não sabia disso e não aprendeu com os erros de Napoleão Bonaparte (invadiu a Rússia no inverno e também perdeu a guerra para o "General Mau Tempo"), mas não podemos contar sempre com o acaso, com a providência divina. Precisamos fazer a nossa parte e começa com achar que política é coisa para nós sim. Voto é coisa séria. Muito séria. 



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